Café ou coca?

Século vinte e um; o século da correria, da pressa; isso me faz pensar que perdemos mais tempo olhando pra um relógio do que olhando nos olhos de quem realmente vale a pena. Na verdade perdemos ate mesmo o costume de olhar nos olhos. E como os costumes mudam... Vivemos em plena mudança. O cafezinho servido ao por do sol virou a coca cola do dia inteiro. A fofoca na calçada virou o depoimento para ser apagado no orkut. O “vou pedir sua mão em namoro para seus pais”, virou o “E ai gata, já é ou já era?”. Acho que já era. Não que eu seja tão pessimista ao ponto de achar que o mundo tende ao caos e todas as evoluções foram ruins. Mas as pessoas estão perdendo o valor, a sociabilidade, o tempo para trocar informações. Nem em uma hora em que se deveria aplicar a sutileza da demonstração de um sentimento, até aí se economiza palavras. Não sei se economizar palavras é um termo bem empregado. As palavras não se gastam. Devíamos economizar é o hábito de não usá-las. Sair a desejar um bom dia, perguntar se tudo corre bem, dedicar alguns minutos para saber como está quem você ama e quem você ainda nem conhece... ahhh! Como a vida seria mais colorida. Não se trata de perder tempo, se trata de investir um tempo em uma atividade que tem se tornado incomum. Nos tempos da coca cola três litros nosso olhar distante com cabeça baixa nem nos deixa perceber quem nos circunda dia após dia. Tomemos maior percepção do mundo a nossa volta, das pessoas que nos cercam, da paisagem a nossa volta, da comida que comemos, sobre o que conversamos e etc. Perceba o que está por fora e demonstre o que está dentro de você. Quem sabe o século vinte e dois seja o século da gentileza e do cafezinho.