DO DIVÃ...

E se caminha por toda manhã que desponta com o sol sereno,

e, à tarde, cansado, se senta no divã, frente à janela do destino,

e se tenta falar com quem se entende, mas, quem se entende

não se pode ver, porque, em suma, não se compreende o que

ele transmite ao dizer-se.

Só se ouve o eco de toda vóz chamando para entendê-la,

e, confuso, na surdêz atróz, em gestos, tenta-se dizer...

E,por todo dia se caminha, na manhã, na tarde e na noite,

com o sol queimando o rosto, e com o frio gélido e seu vento

batendo com seu doído açoite.

Já, se acha que, chega de tanto se tentar caminhar indefeso

no vazio sombrio que reserva a sorte irmã, em dias de sol,

de chuva e de frio, se deve é, aguçar os ouvidos

para bem se ouvir quem chama a se negociar a sobrevivência,

no hábito que se usa de dar e receber, comprar e vender,

sem falcatruas de truques e tramas, e, que, se negocie,

sentado no divã dos negócios e se descanse no divã do laser.

Josea de Paula
Enviado por Josea de Paula em 29/09/2008
Código do texto: T1202168
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