DO DIVÃ...
E se caminha por toda manhã que desponta com o sol sereno,
e, à tarde, cansado, se senta no divã, frente à janela do destino,
e se tenta falar com quem se entende, mas, quem se entende
não se pode ver, porque, em suma, não se compreende o que
ele transmite ao dizer-se.
Só se ouve o eco de toda vóz chamando para entendê-la,
e, confuso, na surdêz atróz, em gestos, tenta-se dizer...
E,por todo dia se caminha, na manhã, na tarde e na noite,
com o sol queimando o rosto, e com o frio gélido e seu vento
batendo com seu doído açoite.
Já, se acha que, chega de tanto se tentar caminhar indefeso
no vazio sombrio que reserva a sorte irmã, em dias de sol,
de chuva e de frio, se deve é, aguçar os ouvidos
para bem se ouvir quem chama a se negociar a sobrevivência,
no hábito que se usa de dar e receber, comprar e vender,
sem falcatruas de truques e tramas, e, que, se negocie,
sentado no divã dos negócios e se descanse no divã do laser.