SAUDADES DE MATÃO
Não sou natural de Matão, mas assim como nosso prefeito, Dr. Adalto, aprendi a amar esta cidade, que é conhecida como “Terra da Saudades”, título conquistado e merecido.
Estou muito triste com a situação vivida pelo Matonense que perdeu seu emprego e por mais que tente, usando inclusive sua influência com amigos, nada consegue, nem o mínimo, o suficiente para manter com certa dignidade a sua família.
Você se sente impotente vendo um homem, pai de família, saudável e com muita disposição, querendo e buscando meios para suprir as necessidades básicas de sua família, e não encontrando nenhuma porta aberta, suas perspectivas vão aos poucos sendo substituídas por revolta, grande revolta e mágoa por incompreender como a sociedade está lidando com esse sério e complicado problema. Esse homem perde a razão, até sua crença no Pai Celestial é afetada, ele chora, claro que escondido, ele não quer que sua esposa, seus filhos ainda crianças, vejam e percebam seu “fracasso”. Ninguém vê esse homem chorando, chorando por ter sido mais uma vítima da globalização, da automatização, da racionalização e outros tantos termos técnicos e talvez até necessários para a sobrevivência das empresas, porém desumano, frio e cruel.
Enquanto isso acontece o que temos feito? O que podemos fazer? Quem pode fazer algo? Como?
Como não temos resposta para lidar com essa situação, essa realidade tem crescido a cada dia e os filhos de Matão, tristes, desesperados, sem nenhuma expectativa, busca o que aparecer. Indignados, se sujeitam a sair fora da sua amada cidade, tendo que partir para se submeter a salários miseráveis, deixando parte daquilo que ajudou a construir, se aventurando em novas cidades, que lhes oferecem algo para sobreviverem, mesmo que infelizes.
Gostaria que a Terra da Saudades voltasse a ser nossa querida Matão, com seu povo feliz, tranqüilo e em paz.
vladis.fernan@globo.com