Nosso cantinho
Uma casa simples, pequena, a beira do mar,
vidraças transparentes, que escondem o interior
através de uma fina cortina branca esvoaçante,
um vaso com flores amarelas numa mesa de canto.
O agito do mar anuncia que em breve irá chover,
o vento forte faz com que o portão se abra sózinho,
uma folha de jornal percorre o pequeno jardim
a rede na varanda balança sem ninguém embalar.
Despertamos ouvindo as gotas de chuva no telhado.
Relâmpagos cortam o céu e os trovões me assustam
me aninho em teu peito onde me sinto segura
me envolves com teus braços me protegendo
E assim nessa cena bucólica, quase irreal
tu pegas minhas mãos, sorri e diz - Vem
como crianças alegres saimos correndo na chuva,
mãos entrelaçadas, corpos nus, livres, felizes,
Quando estamos totalmente exaustos, sem folêgo,
procuramos um lugar onde nos abrigar, nos aquecer.
Abraçados caminhamos a passos lentos mas firmes,
nos olhando as vezes como se fosse a primeira vez,
outras vezes a última, vivemos a angústia da dúvida.
Tentamos em vão encontrar em um simples olhar
toda nossa vida, nossos momentos, nossa certeza.
Não sabemos o quê acontecerá em nosso amanhã,
sabemos apenas que importa esse dia que vivemos,
os momentos que estamos juntos e nos amamos.
Não nos importa o futuro, nem o resto do mundo,
percebemos então que nosso abrigo, nosso refúgio,
é o nosso cantinho, na pequena casa junto ao mar
Adelaide Wlodkovski
26/11/03