GARIMPO URBANO
Há alguns anos atrás a coleta do lixo domiciliar era efetuada por uma carroça puxada por um cavalo, em seguida veio o trator, depois veio o caminhão com carroceria aberta e mais recentemente é que foi adotado um caminhão específico para essa finalidade, que consegue transportar um grande volume de lixo, dada a sua função de prensar e compactar o resíduo.
As pessoas depositavam seu lixo em uma lata que era esvaziada pelo lixeiro e devolvida ao seu dono para a reutilização.
Um grande problema que se tinha era principalmente com os cachorros que tinham o hábito de fuçar na lata de lixo à procura de alimentos, não tendo o menor cuidado e esparramando lixo por todo o canto, irritando o proprietário. Em função disso uma raça até ganhou o título de “vira lata”.
O tempo foi passando e a lata foi substituída por saco ou sacola, o que não dificulta a tarefa dos animais em procurar alimentos no lixo. Para complicar a vida dos cães alguém inventou uma lixeira que fica suspensa na calçada, como fica bem alta, impede que o animal tenha acesso ao lixo lá depositado.
É muito raro vermos cachorros ou gatos mexendo no lixo, por outro lado, o que vemos hoje são pessoas, senhoras, senhores e até crianças, que garimpam em cada lixo a procura de latinhas de alumínio, pets de refrigerantes e papelão.
Muitos desses garimpeiros nem sabem que o Brasil é hoje o primeiro no mundo em reciclagem de latinhas de alumínio, o esforço que empregam não tem como objetivo essa conquista, o fazem por pura necessidade, trata-se de manter ou complementar as despesas para a manutenção da sua casa.
A concorrência dessa pessoal vem crescendo a cada madrugada, sim, enquanto repousamos muita gente está fuçando nos lixos para garantir sua sobrevivência.
É impressionante como o pessoal que hoje vive desse meio suporta esse mau cheiro dos lixos, remexendo entre restos e sujeiras para tentar salvar uma latinha por exemplo. Mais impressionante ainda que depois de alguns minutos outro vai explorar o mesmo lixo já selecionado e muitas vezes até encontra algo que o interessa.
Difícil acreditar mas é verdade, são muitas pessoas que hoje vivem de remexer os lixos a procura de latinhas, papelões e pets para vender e conseguir dinheiro para sustentar sua família.
vladis.fernan@globo.com