ESCRITORES, COMO ADMIRO VOCÊS!

Sempre houve, de minha parte, uma cobrança em colocar no papel a prosa e poesia da vida, do mundo, do universo, do cosmos.

Pensei que quando eu respondesse ao chamado de escrever, isto fosse uma coisa natural, fluente como água brotando da fonte, espontânea como sorriso de criança, pronto como mãe correndo ao escutar o choro do bebê recém-nascido, necessário como dar o peito ao rebento.

Imaginava que apenas me debruçasse sobre o teclado, meus dedos incessantes preencheriam laudas e mais laudas com o sentimento do mundo, usufruindo com farta produção a sensação do dever cumprido, prazer de não desperdiçar um talento que muitos diziam e eu acreditava ser detentora.

Agora mais do que nunca, sei que o ofício é dos mais árduos, seja o texto poético, prosa, científico ou o que for. Não basta o talento e a vontade sem disciplina e vice-versa, há que nos socorrer a inspiração e a crença no conteúdo do gesto de escrever.

Fico pensando na capacidade e bravura dos cronistas daqui do Recanto, dos jornais de grande circulação e daqueles consagrados na Literatura. Transformam fatos cotidianos em leitura cativante, com graça, beleza, elegância, criatividade. Expressam seu sentimento do mundo com ironia, lirismo, crítica ou elogio, mas sempre com habilidade e inspiração. Dir-se-ia, ao ler alguns textos, que ao serem gerados, seus autores estavam iluminados. Que dizer da inventividade e maestria de contos, poesias, frases.

Não sei a que créditar a esterilidade de que sou acometida. É bem verdade que papéis desempenhados por nós no dia a dia não têm nada de poético. Sufocam a nossa fantasia, puxam-nos por demais para o concreto da vida, para a aspereza das relações interpessoais, para a realidade fria e cruel. O noticiário nos deixa as alternativas de gritar nossa indignação e perplexidade ou calarmos paralisados pelo medo e impotência diante da violência e outras mazelas do século.

Seja qual for a sua rotina, escritores maravilhosos, tenho que tirar o chapéu para todos vocês e saudá-los por cada texto que publicam. Sei agora - cada texto publicado significa um ato de superação, uma atitude de resistência ao tempo presente, o conjugar o verbo crer no modo imperativo e muito pessoal, dizendo na primeira pessoa seu comparecimento na vida, seu estar neste mundo de maneira sempre afirmativa e constante. Tudo isso serve à palavra em todas as suas formas, e esta sim, não pode calar.

05/02/2006