BODE ESPIATÓRIO...
O poeta é um bode espiatório público,
pelo simples fato de confessar abertamente aquilo que os outros só vivenciam em sonhos,
ou confidenciam à seus terapeutas, sob a garantia de sigilo profissional.
O poeta é um criminoso!
Um gângster do mundo das palavras.
Produz obras corrosivas que envenenam e matam de ciúmes, inveja e paixão: somos apaixonados por nossa invenção.
Neste mundo há também outros criminosos mais audazes:
leitores equivocados e desavergonhados, que matam e envenam a nossa arte, com comentários grotescos e insinuações; verdadeiras obsessões virtuais.
Talvez seja este o momento ideal de total isolamento...
Ou talvez seja este o momento em que a vida secreta e criminosa de um poeta qualquer, corra perigo de ser exposta e condenada, por um réles leitor fugaz.
Nada há de vergonhoso em poetar o mundo, as coisas e os sentimentos humanos.
A culpa, leitor, é toda sua!! Tudo o que voce imagina a meu respeito é a sua própria culpa projetada.
Provavelmente você vê essa culpa refletida em cada verso meu, em cada entrelinha, em cada rima.
É um reflexo do que você sente.
É sua interpretação: os olhos do mundo em cima de seus atos.
A culpa, caro leitor fugaz, é um peso enorme, que seres humanos como você não conseguem carregar sózinhos.
(IGNÓBEL SER RASTEJANTE: VÁ LAMBER SABÃO QUE EU TENHO MAIS O QUE FAZER!!!)