BODE ESPIATÓRIO...

O poeta é um bode espiatório público,

pelo simples fato de confessar abertamente aquilo que os outros só vivenciam em sonhos,

ou confidenciam à seus terapeutas, sob a garantia de sigilo profissional.

O poeta é um criminoso!

Um gângster do mundo das palavras.

Produz obras corrosivas que envenenam e matam de ciúmes, inveja e paixão: somos apaixonados por nossa invenção.

Neste mundo há também outros criminosos mais audazes:

leitores equivocados e desavergonhados, que matam e envenam a nossa arte, com comentários grotescos e insinuações; verdadeiras obsessões virtuais.

Talvez seja este o momento ideal de total isolamento...

Ou talvez seja este o momento em que a vida secreta e criminosa de um poeta qualquer, corra perigo de ser exposta e condenada, por um réles leitor fugaz.

Nada há de vergonhoso em poetar o mundo, as coisas e os sentimentos humanos.

A culpa, leitor, é toda sua!! Tudo o que voce imagina a meu respeito é a sua própria culpa projetada.

Provavelmente você vê essa culpa refletida em cada verso meu, em cada entrelinha, em cada rima.

É um reflexo do que você sente.

É sua interpretação: os olhos do mundo em cima de seus atos.

A culpa, caro leitor fugaz, é um peso enorme, que seres humanos como você não conseguem carregar sózinhos.

(IGNÓBEL SER RASTEJANTE: VÁ LAMBER SABÃO QUE EU TENHO MAIS O QUE FAZER!!!)

MIRAH
Enviado por MIRAH em 07/07/2008
Reeditado em 09/07/2008
Código do texto: T1069750
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