ORÁCULOS DA FELICIDADE

Publicado na coletânea Vôo Independente II, edição de 2003, da Associação Gaúcha dos Escritores Independentes.

Primeiro: Um referencial perfeito.

Filho. Tens te esforçado tanto. Mereces algo melhor que a vida complicada que levas. Não é isto que sonhei para ti ao criar-te no ventre da tua mãe. Se não tens acertado, é porque não imitas o modelo certo. Eu Sou teu Deus e meu caráter é mais elevado do que os modelos que imitas. Sou o único Deus – um referencial perfeito. Dei-te meu exemplo para que, imitando-me, fizesses tuas coisas corretamente, para o teu benefício, como eu faço tudo certo e tudo para mim vai sempre bem.

Imite-me então! Sou tão cuidadoso que, apesar de meus filhos destruírem sua saúde com hábitos inadequados, resultando em doenças crônicas que transmitem aos seus filhos através dos genes, tolero a hereditariedade ruim somente até a terceira e quarta geração, se os descendentes param de destruir a saúde como fazem seus pais. Porém, filho, sendo que muitos seguem a agredir o próprio corpo, como posso dar-lhes a saúde que pedem?

Pena, meu amado, que escolhestes outros deuses, que, diga-se de passagem, não podem te ajudar, haja vista dependerem de ti para existirem. Mas não estou zangado contigo. Ao contrário, te espero para sermos Pai e filho. Neste momento te acendo esta luz com o propósito de iluminar o caminho de volta. Nunca é tarde. Deixe teus ídolos agora e voltes para os braços do teu Criador.

Filho. A prosperidade egoísta não pode te ajudar. Como bem vistes, ela só tem produzido discórdia entre as pessoas e as nações. Além do mais, ela depende da força humana para existir. Sendo assim, que modelo de conduta a properidade te será? Não te curves a ela. És muito superior. Da mesma forma, a razão sem mim, não pode te ajudar, pois a ciência concebida sem meu caráter fraternal – Mentor da igualdade –, em geral, descamba para o egoísmo, a dominação e a exploração. Por isto vês tanto sofrimento. O sol (senhor do domingo: culto solar babilônico, que virou culto romano) também não pode te ajudar. Esse astro é apenas mais um dos milhões de elementos que criei e com os quais sustento a tua vida e a vida na Terra.

Segundo: Inconfundível pelo caráter.

Querido filho. Farto estás das penalidades da vida. Por quê sobrecarregar-te então com peso excedente – teu deus, por exemplo? As imagens de escultura, além de não poderem te ajudar, te acarretam mais cansaço. Por que então cuidá-las e conduzi-las de um lugar para o outro, se nem podem desfrutar teu amor, tampouco te amar?! Olhe para teu lado. Tantas são as pessoas que carecem atenção e carinho e saberiam retribuí-te com gratidão. Dedique teu amor a cuidar dos teus irmãos! Quanto a mim, o Deus real, jamais me farei a ti carga ou cansaço, além do tanto que a vida já te acarreta. Ao contrário, quero ajudar-te a carregar teu fardo. Para tanto, basta que ponhas tua vida em minhas mãos. Quero andar contigo ajudando-te sempre que precisares, mas não precisas levar-me em andor, posso te carregar no colo quando a situação estiver muito difícil. Me leves no coração somente. Sou grande, más dentro do teu coração há espaço para mim. Então poderás mostrar-me para teus amigos através de tuas boas obras ao imitar-me? Certamente todos te serão gratos. Então será feliz.

Filhinho! Não sejas ingênuo! Olhes para as imagens que cultuas. De ti dependem até para andar, coisa simples para ti, que não foi feito a facão, tampouco a serrote, mas modelado carinhosamente por minhas mãos. És uma obra prima. Ao mesmo tempo que possuis razão, também possuis emoção. As imagens que fazes, se tivessem vida se curvariam a ti, gratas por tê-las criado. Então, por quê te curvas às tuas criaturas, se és nobre?! Sou Eu o teu Criador. Em ti pulsa vestígios do meu caráter. Somos os seres mais nobres do Universo, acima de todo animal. Sabe porque? É porque pensamos. Então, filho! Quando me curvei a ti, minha criatura mais excelente? Se não me curvo a ti, que é tão exelente, te curvarás tu às obras de tuas mãos, que não se comparam à tua excelência? Te curvarás aos bens materiais, à moda, à razão sem fé, às esculturas, aos ídolos da TV e do cinema, aos jogos virtuais e de azar, às máquinas, aos impulsos e tudo que te escraviza, fazendo-te levar essa vida atribulada – trabalhando sem parar, sem conseguir equilibrar tuas contas, privando teus filhos da tua atenção, do teu amor e carinho, culminando na separação conjugal, que faz que tu e teus amados sofram ainda mais?!

Terceiro: Copiando um caráter nobre

Filho. Estou atento a tudo que se passa contigo e com as pessoas que amas. Sempre que precisares, estarei pronto para atender a teu chamado. Jamais falharei. Responderei a cada pedido, seja qual for, mesmo se às vezes parecer que não atendi. Claro que somente te darei aquilo que, em minha sabedoria incomparável, entender que seja benéfico para ti. Lembre: não quero que te destruas. Alguma vez não te dou o que pedes porque, às vezes, pedes coisas que te serão prejudiciais, como as crianças fazem. Outras vezes, queres que eu seja bom para ti mais do que para com os teus irmãos. Isto ocorre quando queres que teu time vença a partida. Esqueces que os do time adversário são também meus filhos? Mas teu pedir egoísta não pára por aí. Ocorre quando queres um carro melhor do que o do teu vizinho; quando queres uma casa maior que a dele, sendo que não precisas; quando cubiças sua mulher ou o marido da vizinha; quando pagas um salário baixo aos que contigo cooperam e depositas em tuas contas mais do que precisas; quando te esforças para convencer os pedintes que se lhe deres esmolas estará a prejudicá-los. E não só nisto. Ocorre em muitas situações onde a riqueza demais pode afastar-te das pessoas.

Se pedires o que é bom, certamente te darei. Nem precisarás esperar. Ao teu chamado estarei a teu lado também para defender-te do perigo. Não quero jamais ver-te a sofrer. Todavia, querido filho, não fiques a chamar-me sem razão, como as pessoas que vivem a usar o meu nome à toa e em conversas fúteis. Tenho muitos outros filhos para ouvir e atender. Pode acontecer que de tanto abusartes de minão me leves mais a sérios, desconhecendo minha voz e autoridade. Então, quando precisares, não te levarei também a sério.

Portanto, filho. Não profanes meu nome tornando-o banal por usá-lo sem motivo. Não pretendo tolerar aqueles que profanam meu nome, fazendo que os outros me vejam como futilidade, pensando que não passo de fé tola, irracional, como os céticos gostam de dizer apontando certas religiões. Assim as pessoas desconfiam de mim, do meu amor, da minha misericórdia e da minha justiça. Então afastam-se dos meus cuidados.

Quarto: O signo da perfeição.

Filho. Não quero trabalhes sem parar. Sigua o exemplo que te dou e tua vida irá bem. Não terás que correr "atrás da máquina", estressando-te, arriscando ter um infarto, um derrame, um câncer, além de não ter tempo para o descanso, o lazer e a família. Lembre: só levarás da vida os momentos de paz e felicidade que desfrutares. Não deixe para curtir a infância dos filhos que te dei quando chegar o tempo de curtir os netos; tampouco deixes de desfrutar a Natureza somente no cansaço da velhice. Se chegares à velhice. Pois, se continuares assim, talvez não chegues.

Veja o meu exemplo: Quando criei este planeta, não ambicionei fazer mais do que podia, embora eu possa tudo. Trabalhei seis dias, descansei um e foi suficiente para criar esta perfeição, que o homem tem destruído por maldade. Descansando naquele último dia, olhei para a minha obra prima – inclusive a maior de todas, um casal de humanos –, e convenci-me que o período semanal é ideal para fazer-se tudo com perfeição, sem aniquilar-se trabalhando. Para prosseguir com o trabalho na semana seguinte, minhas criaturas devem descansar durante um dia inteiro – o sétimo dia –, recobrando as forças gastas na semana anterior. Reunindo-se semanalmente, o cansaço não lhes mataria, pois o convívio é o que mais gratifica. Por isto é que especifiquei um dia.

Quando estivessem descansando, desfrutando da Natureza e das coisas que fizeram na semana, meus filhos lembrariam de mim, seu Criador. Assim não adorariam nem serviriam a seres humanos, coisas, ídolos e imagens, como se fossem deus. Tudo isto serve para escravizar – para que os mais simples trabalhem de graça para os exploradores.

Dei-te o exemplo: descansei naquele primeiro dia de Sábado. Porém, acha ruim descansar, confraternizando, no dia que separei para isto. Preferes seguir trabalhando, cansando-se, dando lucro ao patrão, que te domina explorando sem piedade. Achas que um pouquinho a mais de dinheiro resolverá teus problemas, quando dei minha Palavra que jamais deixarei que te falte nada. Se fizeres as coisas da forma que programei, elas resultarão nos benefícios para os quais foram programadas, e tu os desfrutará.

Quinto: Os primeiros guardiões

Filho, não nasceste órfão para não cresceres perdido, sem proteção meio às agruras do mundo. Poderias ter crescido sem teus pais, que tolhem muitos dos teus planos, e não terias também seu colo, o amor, o ouvido compreensivo, para onde voltas chorando quando o mundo te pisa.

Observes que, apesar de conhecerem tuas fraquezas, teus pais não te apontam o dedo, como fazem os amigos, às vezes, e o mundo sempre. Sais brigado muitas vezes: viras a mesa, bate a aporta, diz certas “verdades”, entretanto, ainda te recebem, acolhendo sempre que retornas fracassado. Reconhecendo teus erros, quantas vezes terias aceito que te jogassem os “podres” na cara, mas não fizeram. Sabe por que? É que possuem meu Espírito. Eu os dotei. Por pior que sejam os indivíduos, quando pais, a maioria deles esforça-se para proteger os filhos. Transformam-se! É Meu espírito. Não é a toa que chama-lhes pais. Eu somente Sou Pai. Teus pais, porém, são a primeira forma como conhecestes meu amor. Eles são exigentes porque sou assim. É desta forma que te protejo de males que arrumas sem querer, pois sei que, às vezes, buscas coisas que te seriam prejudiciais. Sei disto porque sou antigo e adquiri habilidade preventiva. Teus pais também são mais velhos, possuem muitas habilidades preventivas. Serás também e possuirás tanta habilidades quanto eles. Por isto deves honrá-los com boas atitudes. Viverás muito mais, pois te darei dias bons.

Eu, que sou Deus, não erro, porém, teus pais, se às vezes erram não é com intenção de prejudicar-te, mas pelo desejo de protege-lo. Entenda-os, será pai um dia. Saberás melhor que teus filhos o que lhes será bom, pois viverás em função do seu bem. Então, perdoes as falhas de teus pais, como perdoam as tuas. Entenda-os, seguindo também suas instruções, assim irás sempre bem. Quando morrerem, terás também a consciência tranqüila por tê-los amado sempre.

Sexto: Viver deixando viver

Sejas amigo de todos. Não vivas em intrigas, carrancudo, resmungão. Não repliques tudo. Cultive a tolerância, faz bem para o coração. Não oprimas com tantas exigências. Ninguém é perfeito. Lembre: também cometes erros feios. Não esperes nada dos outros para não decepcionar-te. Pense no que podes fazer pelos outros. Se fores intolerante, teus amigos não te pouparão quando pisares na bola.

Saiba que a intolerância pode matar. Intolerantes vivem estressados, então morrem de infarto, gastrite, estresse, câncer,... Aos seus olhos todos atentam contra sua coerência. Por isto se inflamam quando alguém dá uma rateada. Esquecem que a crítica violenta mata aos poucos aquele que está tentando acertar. Matar a auto-estima e a autoconfiança de alguém é o mesmo que tirar-lhe a vida com uma arma. A sarjeta está cheia de pessoas cujo amor próprio foi sufocado pela pedantice da sociedade. Depois eles tornam-se ameaça à vida e aos bens dos seus vizinhos.

Portanto, lembre que empurrar alguém à marginalidade também é matar. É por aí que começa a violência e o terrorismo, que resulta em morte. Abusar do poder reprimindo os filhos, oprimindo a esposa, subjugando o funcionário, são formas pelas quais se mata. Melhor seria tratar como iguais aos iguais. Não temerás sair à rua, nem precisarás armar-se para proteger-se, arriscando ainda morrer ou matar. Jamais terás que matar. “Não matarás”.

Sétimo: Direitos iguais

Eis o mais delicado dos oráculos que te dei. Lamento tocar neste assunto, filho. Não mereces, mas preciso deixar-te tal mensagem. Poderás transmiti-la a teus amigos.

Existem muitos tipos de furto. Por certo já foi vítima dalgum roubo, o que afronta à soberania da pessoa, desrespeitando o direito do indivíduo, pois o humilha.

Pessoas roubam confiantes que “não dá nada”. Há os que acham brechas na lei para legitimar o roubo. Alguns cobram preços e juros abusivos, enquanto outros pagam pouco pelo que compram sabendo que vale mais. Exemplo disto é o que se paga pela mão-de-obra (forma moderna de escravismo), sem falar na escravidão em si, que existe ainda. Outro exemplo é comprar algo barato de alguém se aproveitando de sua debilidade financeira.

Tais atitudes podem ser enquadradas em muitos artigos penais. Extorsão, por exemplo – quando se tira vantagem da situação desfavorável do outro. Alguns preferem chamar de lei de oferta e procura. Entretanto, tal lei só é legítima quando as partes gozam de oportunidades iguais.

Entrementes, existem outros tipos de roubo. Pessoas desviam produtos e dinheiro nos cargos de confiança. Alguns encontram coisas que, sabem, pertencem a outros, mas retêm para si. É roubo. Rouba-se também a dignidade, a paz, a liberdade, a esperança e muitos outros valores morais.

No princípio a terra era para todos. Não tinha dono. Uns, porém, resolveram vender as partes que tomaram posse. Daí surgiu o comércio da terra e veja a miséria que o mundo se encontra. Uns com muita terra, às vezes vazia, e outros sem ter onde pousar a planta do pé. Resulta que de um lado existem pessoas que não têm o que comer, enquanto do outro, indivíduos vivem enjaulados com medo daqueles.

Oitavo: Prazer total

Filho, dentre as melhores coisas que criei está o sexo. Sei quanto gostas e o bem que te faz. Além de ser prazeroso, incrementando a relação amorosa, o sexo possui outros atributos. Contudo, mesmo esses visam harmonia familiar, que resulta em equilíbrio social. Tudo para que o prazer seja real, intenso e pleno.

Se queres, podes ter quantos parceiros sexuais desejar e fazer sexo da forma que imaginar. Não esqueças,porém: desregramentos produzem efeitos ruins. Quando eras criança gostavas da paz e da segurança que sentias protegido pela relação harmoniosa de teus pais. Como teria sido se eles não tivessem compromisso sentimental mútuo? Crescerias nos braços do Estado, como em chocadeira, atendido por pessoas comprometidas com a recompensa financeira – sem qualquer afetividade, ou serias enteado, corrido de uma casa para a outra.

Se tens filhos com quem amas, amá-los-ás por três bons motivos: Primeiro: porque inconscientemente vê neles a ti mesmo. Os seres humanos têm muito amor próprio. Segundo: porque são parte do parceiro (marido ou esposa) que amas, e que em muitos aspectos se assemelha a um de teus pais ou parentes próximos, a quem amas, pois são parte tua. Terceiro, porque são teus filhos.

Porém, se tens relacionamento além do casamento, meramente buscas prazer pessoal – não por amar àquela pessoa. Geralmente tais relacionamentos produzem filhos indesejados. Este desafeto dá-se porque, sem que saibas, não amas neles a porção na qual identificas o outro progenitor, com quem praticas sexo sem amor. Então os juizes precisam coagir alguns pais a dar uma fração miserável dum salário mínimo a filhos que eles deveriam amar – flagrante do egoísmo. Essa falta de amor acarreta desprazer para todos os envolvidos pelo tempo de suas vidas. Logo, quanto mais prazer momentâneo sem regra, mais desprazer posterior. Isto sem falar das doenças e intrigas por infidelidade, que resultam em morte.

Por isto, meu filho, ordenei: “não adulterarás”. Não tenho intenção de privar-te do prazer, mas protegê-lo do desprazer. Esclareço, porém, que adultério não se restringe a sexo. Todo tipo de distorção, deturpação da autenticidade de algo, seja objetos, palavras ou pessoas, é adulterar.

Nono: A autenticidade indelével

Através da minha Palavra, meu filho, criei tudo o que vês e o que não consegues enxergar também. Digo isto para lembrá-lo que palavras podem dar felicidade, saúde e vida, bem como tristeza, dor e morte. Isto é um fato bem conhecido. Na verdade, teu mundo é movido por palavras. Elas estão em tudo, inclusive nas imagens. Por isto é importante que as palavras sejam verdadeiras. Existe discórdia, miséria, sofrimento e dor, porque desde o início pessoas têm distorcido as palavras em favor de seus interesses. A primeira vez que isto ocorreu, alguém deturpou minha imagem diante dos meus filhos fazendo com que temessem a mim, desconfiando de minha Palavra, meus oráculos preservadores. Assim colocaram-se contra mim, privando-se de meus conselhos, que resultam em vida equilibrada, produzindo muitos benefícios, além de meu amor, minha amizade, a benevolência e a riqueza que tenho para todos.

Não é para menos que muitos hoje não suportam ouvir falar de Deus. Uns me pintam como carrasco, enquanto outros usam minha imagem para tirar vantagens. Todos esquecem, porém, de imitar meu caráter. São caluniadores. Por isto, meu filho, tu, que procuras a sabedoria, não serás caluniador, dando falso testemunho contra teu próximo, mas intercedendo por aqueles que, caluniados, estão prestes ao castigo, ao sofrer injustamente.

Nunca digas: “não vou me meter para não arranjar problemas”. Muitos inocentes são julgados mal e por isto privados de seus direitos na sociedade e nos lugares públicos. Sofrem por causa do preconceito racial, religioso, étnico, criminal, etc.; são corridos como ladrões e bandidos, são mal vistos pela coletividade, são deixados de fora das oportunidades, muitas vezes pelo falso testemunho de alguém, que o julgou pelas aparência ou pelo que os outros disseram.

Não queres isto para ti? Então não faças para os outros e defenda aqueles que sabes que são inocentes.

Décimo: Igualdade

Filho, sendo pai de todos sempre quis o bem comum. Cedo, porém, percebi que as pessoas usavam a liberdade para subjugar umas às outras. Uns explorando o trabalho dos outros, pondo-os em situação de desvantagem, visando pô-los sob dependência econômica, enquanto outros tomavam posse por usurpação dos bens dos mais fracos. No Egito, por exemplo, mesmo a dignidade das mães de família não era poupada.

Quando redigi o oráculo proibindo tomar posse dos bens alheios, visava o direito de propriedade sim, não defender a propriedade do rico em detrimento do pobre – sonegam a verdade aqueles que assim insinuam do Décimo Mandamento –, mas evitar que o mais forte tirasse a parte do mais fraco.

Esses mesmos que põe as pessoas contra mim sonegando a verdade, têm habilidade para explorar o pobre até que se torne devedor, desrespeitando seu direito legítimo de propriedade. Isto demanda um processo, que inclui: trabalho mal remunerado, privação e miséria; endividamento na tentativa de manter o nível de vida, que o leva a adquirir produtos (inclusive alimento) super valorizados, com juros altos, que, não sendo pagos, resultará na perda de bens (agora sub-avaliados) para pagamento de pendências.

A demagogia torna-se flagrante, pois quando os pobres se unem em movimentos, pretendendo reaver o que lhe foi roubado, como a terra, por exemplo, são caluniados de desordeiros por aqueles mesmos espoliadores que então se dizem defensores do direito de propriedade. Não defendem a instituição direito de propriedade para todos, mas inventam para si o direito de ser proprietários, inclusive da propriedade dos outros.

Outro ponto importante sobre o décimo mandamento, trata da mulher. Se ela foi incluída entre os bens dos indivíduos enquanto o marido não foi, é somente porque naquele momento da historia seria inútil incluir o homem. Trata-se de uma sociedade machista num tempo em que as mulheres, além de não lhes ser permitido possuir bens, raramente tiveram oportunidade de tomar posse do marido da próxima. Hoje elas possuem bens, que sempre foi seu direito, e oportunidade de cobiçar e até apossar-se do marido da próxima, o que condeno como condenava que os homens fizessem. Então hoje podes dizer: “Não cobiçarás a casa do teu (tua) próximo (a), nem a mulher (o marido) do (a) teu (tua) próximo (a), (...)”. – Os trechos entre parênteses são acréscimos do autor.

Se respeitas os direitos do teu próximo, além que demonstras possuir alto nível ético e moral, produzes concórdia, harmonia, tolerância, amizade, cooperação e progresso. Pense nisto! Não devemos cooperar para o bem dos membros da sociedade?

Inspirado nos Dez Mandamentos de Êxodo 20: 1 a 11.

Wilson do Amaral

Bê Hauff Witerman
Enviado por Bê Hauff Witerman em 06/06/2008
Reeditado em 09/06/2008
Código do texto: T1022044