Além dos Sentidos
Havia uma praça, onde toda tarde, um cego chamado Pher freqüentava para banhar-se
ao Sol.
Certo dia, um vendedor ambulante de chicletes aproximou-se de Pher e
ofereceu-lhe uma mercadoria, juntamente a um papel, onde exprimia suas
necessidades e a importância da venda do doce em seu sustento. todo
ato do vendedor fora executado sem a emissão de nenhum som.
Pher segurou o papel e o chiclete por aproximadamente 5 segundos, e devolveu-lhe o
papel dizendo:
_Por favor senhor, Poderias ler o que está escrito neste papel?
O vendedor, tropeçando nas palavras indagou:
_Nossa! Você,... é cego? É... digo,... você é portador,...
de deficiência visual?
Pher sorriu silenciosamente, devido ao atrapalho do vendedor e
revidou:
_Sim... e o senhor... é portador do preconceito?
O vendedor, percebendo que Pher não havia interpretado mal a sua
pergunta, sentiu-se mais tranqüilo, pois devido a sua falta de
instruções, temia ofender o rapaz, que tinha os olhos perfeitos,
tornando impossível para ele, a percepção de alguma deficiência.
Então, o mesmo respondeu com total firmeza:
_Não! Não sou portador do preconceito. É que... você não parece ser
cego.
Pher, retirando uma nota de pouco valor, mas acima do preço do
chiclete entregou ao vendedor dizendo:
_Pois é,... sou cego sim,... mas, não porque quero. Agora, cabe a
você,... ser ou não portador do preconceito.
O homem alegrou-se com a nova lição que aprendera, sobre a escolha
dos sentimentos que possui em relação ao próximo, que valeu-lhe muito
mais, do que a venda do tal chiclete. E, antes de retirar-se o vendedor
esticou o papel e leu-o para Pher.
Ao término da leitura, o homem interpretou o que realmente havia
escrito no papel, que não fora redigido por si e que nem ele mesmo sabia
de fato o que as frases queriam transmitir para as respectivas pessoas
que comprariam sua mercadoria.
O vendedor, saindo lentamente do local, com silenciosas lágrimas de
alívio, sumiu à percepção de Pher.
No papel dizia:
"Por favor, senhor ou senhora, enxergando em meus olhos a carência
de um pobre desempregado, ajude-me a sustentar minha família, comprando
este chiclete, que custa tão pouco, em comparação à vontade de ver o
sorriso de nossas almas."
Ter ou não preconceito, depende exclusivamente de cada um de nós.
Podemos escolher entre o amor e o ódio, o bem e o mal, o certo e o
errado, o preconceito e a solidariedade. Aproveitemos a opção da
escolha!
Maximiniano J. M. da Silva - quarta, 11 de Abril de 2007