Labirinto e Espelho

Você acorda em um lugar estranho.

Um labirinto de paredes altas, feito de pedra e silêncio.

Cada corredor é igual ao anterior — frio, escuro, sem fim.

Você caminha.

Cada passo é uma tentativa de entender, mas o chão parece desmoronar sob os pés.

As sombras não são apenas sombras; são memórias.

As palavras ditas por outros — “Você não é o suficiente.”

Os pensamentos que você sussurrou a si mesmo — “Talvez eles tenham razão.”

O labirinto está vivo.

Ele se alimenta do seu cansaço, da sua dúvida.

E quando você acha que não pode continuar, ele ri.

Mas então, algo inesperado.

Você encontra um espelho, velho e empoeirado, encostado numa parede.

Relutante, você olha.

E lá está você. Não a versão que o mundo vê, mas a que você esconde.

Os olhos carregados de histórias não contadas.

As mãos calejadas por batalhas que ninguém percebeu.

O reflexo não é gentil, mas é honesto.

E algo começa a mudar.

Você toca o vidro e percebe: o labirinto não está lá fora. Ele está dentro de você.

Cada corredor é uma crença que você construiu, cada sombra, uma parte de você que precisa ser acolhida.

Você não precisa derrotar o labirinto.

Você precisa conhecê-lo. Abraçar cada parede que construiu, cada canto escuro que evitou.

E, enquanto o faz, as pedras começam a cair.

A luz atravessa as rachaduras, iluminando o caminho.

Você não sai do labirinto.

Você o transforma em um campo aberto.

E ao respirar o ar da liberdade, percebe algo simples, mas poderoso:

Os desafios nunca foram barreiras.

Eram convites para você se tornar quem sempre foi, só que melhor.