ALÉM DA FRIEZA

No gélido abraço do inverno, encontramos refúgio debaixo das cobertas, onde cada fio nos envolve em um calor reconfortante, um casulo de serenidade. É ali, na suavidade da lã escarlate e macia, que o mundo se aquieta e os sonhos dançam ao ritmo afetuoso da noite.

Sopas e caldos tornam-se poções mágicas, misturas de sabores que aquecem não apenas o corpo, mas também a alma. Cada colher é uma viagem pelos caminhos da memória, recordando-nos de momentos de ternura e partilhas ao redor da mesa com nossos queridos.

E o chocolate quente, como uma cascata de indulgência, derrete nossos sentidos em êxtase. É o doce abraço da infância, um elixir de felicidade em cada gole, trazendo consigo o calor do amor e da brandura.

No entanto, não podemos olvidar que há um mundo envolto em frio e necessidade onde um simples ato de solidariedade pode se tornar a chama que aquece corações gelados pela adversidade. O calor do voluntariado e das doações é como uma lenha para a lareira da compaixão.

Seja ao oferecer roupas quentes para aqueles que enfrentam o rigor da estação sem abrigo, ou ao compartilhar uma refeição nutritiva com os menos afortunados, cada ato de generosidade derrete as barreiras do isolamento e da escassez.

O inverno, com sua aura cinzenta e nebulosa, muitas vezes é associado à quietude e à introspecção. Da mesma forma, uma alma fria pode representar alguém distante, desapegado e desprovido de calor humano. No entanto, essa analogia não exige que nos tornemos frios como o inverno.

Em vez disso, podemos enxergar o inverno como um lembrete de que, mesmo nas estações mais frias e sombrias, nossa alma pode ser chamada para a compaixão e a empatia, para que possamos oferecer calor humano àqueles que estão em necessidade.

Mas a solidariedade vai além do material. Em meio à solidão que muitas vezes acompanha os dias mais curtos e as noites mais longas, a simples presença e disposição para ouvir podem ser um bálsamo para almas congeladas pela falta de conexão humana. Um sorriso, um gesto de carinho, ou simplesmente estar lá para aquecer o coração de alguém, são formas preciosas de solidariedade que transcendem o material e tocam profundamente o espírito humano.

Portanto, no inverno, deixe seu coração ser uma fonte de calor e luz para aqueles que enfrentam as gélidas tempestades da vida. Assim como o inverno eventualmente dá lugar à primavera, podemos ajudar a derreter o frio de uma alma com o calor do nosso amor e compreensão.

Não precisamos ser frios como o inverno, mas sim ser a luz que ilumina o caminho daqueles que estão perdidos na escuridão do gelo emocional. Devemos ser como o sol que derrete a neve, trazendo calor e vida àqueles que necessitam. Que possamos ser fontes de calor humano, mesmo nos dias mais frios, e espalhar o calor da compaixão em um mundo que muitas vezes parece congelado pela indiferença.

Ctba, 26 de março de 2024.