Processos
Com frequência, manifestamos a inclinação de "ver para crer", adotando uma postura moderna similar à dos discípulos incrédulos, os "Tomés" contemporâneos. Quando não testemunhamos resultados benéficos em nossa jornada, há uma tendência a considerar a desistência como uma opção válida. O caminho da vida, marcado por suas próprias vicissitudes, inevitavelmente desgasta nosso ser. Em alguns momentos, as situações adversas perduram de tal forma que a vitória parece uma conquista inatingível.
Surpreendentemente, as tribulações, que muitas vezes nos parecem desprovidas de sentido, geram resultados positivos que escapam à nossa percepção imediata. Na carta de Paulo aos Romanos, conforme a Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH), o apóstolo compartilha uma perspectiva transformadora: “E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria esperança, e essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor em nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu” (Romanos 5:3-5).
É crucial compreender que o texto não sugere uma aceitação resignada do sofrimento, mas destaca os frutos que ele pode gerar. O equívoco comum de pensar que Deus age apenas conforme nossos desejos é desafiado pelas experiências dolorosas, que nos ensinam a cultivar paciência, ganhar maturidade e nutrir a esperança.
Inúmeras analogias na natureza ilustram o conceito de que o crescimento muitas vezes está associado a processos desafiadores. Da águia que enfrenta sofrimento para prolongar sua vida à borboleta que passa por uma metamorfose para alçar voo, esses exemplos evidenciam que a facilidade não é o caminho para o fortalecimento da fé. Se a jornada fosse desprovida de desafios, correríamos o risco de nos tornarmos crentes complacentes e estagnados em nossa espiritualidade.
Deus, em Sua sabedoria, tem o propósito de usar nossas experiências, inclusive as mais difíceis, para moldar testemunhos impactantes que possam auxiliar outras pessoas em suas próprias jornadas. Ironicamente, são os cristãos, que mais deveriam compreender esse princípio, frequentemente os que mais se entregam à murmuração.
Reconheço o quão desafiador é expressar gratidão a Deus durante períodos adversos. No entanto, não podemos esquecer que, como destaca o texto, "a paciência traz a aprovação de Deus". Em meio às tribulações, é fundamental manter viva a esperança, confiando que, apesar das aparências, o amor divino é derramado em nossos corações através do Espírito Santo, sustentando-nos em nossa jornada de fé.