SE NÃO FOR PELO PRÓXIMO... FAÇA POR TI MESMO 🫵

CANTO I

Quando a terra no universo surgiu

De uma explosão ou do amor divino

Era tão jovem quanto um menino

Em sua face a flora depois se viu.

A floresta servia-lhe como cobertor

Era a sua força...Era a sua beleza

Chamou-se esta coberta: Natureza,

E ela cobriu o mundo do esplendor.

Assim viveram...unidos por eras

Pois este ambiente bioagradável

Criou com seu equilíbrio estável

Outono, inverno, verão, primavera.

E ofertou a doçura dos frutos

E ofertou o perfume das flores

E das folhas, as sombras e cores

Fizeram do mundo, leito d'amores.

Então a fauna se viu encantada

Em seu bioma farta e protegida

Que doce fortaleza era a mata

Para que se multiplicasse a vida.

Fora tempo feliz sem privação

Não havia entre os seres perigo

De escassez, extermínio, extinção...

Nada assombrava aquele paraíso.

Cada espécie em si mesma folgava

Criatura alguma dormia com fome

Apenas o que a natureza lhe dava

Era necessário pra saciar o homem.

Chuva, vento, maré, seca, e geada,

Nada lhe causava medo ou espanto

Toda a diversidade se encaixava

Para cada espécie em cada canto.

Havia uma ordem em si tão latente,

Ordem que possuía a lógica natural

Era a ordem frágil, interdependente,

A qual menor desvio provocaria o mal.

Conquanto não soubesse deste fato

Criatura alguma alteraria a ordem

Que mantinha todo ambiente intacto

Impedindo de alguma espécie a morte.

O tempo se passou neste casamento

A flora e a fauna se retroalimentando

Ninguém quebrava este sacramento

Até as novidades iam se adequando.

Não havia sobras, tampouco carência

Para cada necessidade havia insumo

Morrer, decompor, nutrir, renascença

Estes ciclos interminavam em tudo.

CANTO II

Mas caiu na terra a semente do caos

Se fez uma árvore de fruto venenoso

Quem o comesse teria mudança tal

Que tentaria à força dominar o outro

E eis que, então, o comeu o homem

Que no início, fora só um frágil animal

Que não discernia o bem nem o mal,

Só desejava o que seu ventre consome.

E para saciar aquela nova ganância

Matou, desmatou, prendeu e queimou

A vida deixou de ter sua importância

E o "Ter" foi o propósito que lhe restou.

Aos poucos a terra perdeu cobertor

E se destruiu cada lugar descoberto

E o que era outrora um ninho d'amor

A chegada do homem fazia deserto.

Veneno nos rios, na comida e no ar

No lugar da floresta, agora concreto

Lixo e esgoto contaminando o mar

O homem envenenado ainda feto.

Agora, nada tem valor, tudo tem preço

A vida, o tempo, o amor, a força e a fé

A razão capital da vida hoje é o dinheiro

E para obtê-lo, destrua-se o que puder.

Duzentas roupas para cobrir um corpo,

Cinquenta anéis para cobrir um dedo

Dez mil fotos para registrar um rosto

Capitalizar na dor, na morte, no medo.

O preço final de tanta imprudência

Se revela um fim triste e violento

Calamidades, disputas, insurgências,

É o homem rumo a seu esquecimento.

Ao vencedor, nossas últimas batatas

O homem será o predador do homem

Só os mortos verão o fim das batalhas

Consumidor será consumido pela fome.

Apocalíptica assembleia de insanos

Querem novos mundos para povoar

Seja em Marte ou no céu, é um engano

Antes de ir, destruir a casa que deixar.

Mas a voz que clama neste vil deserto,

Com o intento de parar tanta loucura,

Enrouquecida de bradar o que é certo,

Já vê passar de tempo a possível cura.

Enchentes e furacões não são avisos

Para olhos escamados por dinheiro

Para governantes surdos e omissos

Que negociam os recursos derradeiros.

CANTO III

Quem imaginaria a seca aqui no Norte?

E todo ano alagamentos no Sudeste?

Queimadas devastando o centro Oeste?

No Sul furacão, soterramento e morte?

Qual a última vez que se viu uma arara?

Este calorão infernal veio por acaso?

O alimento orgânico já está escasso

Mas por que esta destruição não para?

Porque o bilionário que ser mais rico

Porque queremos mais que precisamos

Porque arrancamos o que não plantamos

Porque não nos importa estes perigos.

Estamos programados pra destruição

Nenhum indivíduo quer dividir nada

Isolados em carros, em grandes casas,

Matando aos poucos esta geração

Quem intercederá a favor da terra?

O relógio do fim já deu onze e meia

Vamos esperar por esta derradeira

Esperança de viver que se encerra?

NÃO! dêem as mãos, ó povo ingrato!

Entendam que vocês tem parte nisso!

Tu que compras coisa inútil pelo vício

De comprar, serás também condenado.

O homem está surdo para os clamores

Está mudo para confessar seus erros

Está cego... já não enxerga a si mesmo

Parado enquanto acontecem horrores.

Desperta, tu que dormes, levante-se

Socorre hoje este lar que Deus te deu

Não fique à deriva esperando o adeus

De tudo que o homem possuía antes.

Na mata o homem agora só desmata,

Das florestas, só um pouco ainda resta,

Já não presta a canção da ave, é funesta

Os cristalinos riachos... já não os acho.

As tempestades de areia ou Granizo

Antes eram chuvas que traziam vida

E que a Natureza há tanto oprimida

Já está reagindo ao homem omisso.

O calor é a febre do mundo infectado

Pelo fungo, verme, vírus ou bactéria

Que se chama homem das misérias

E deixou nosso planeta adoentado.

Mas quem o adoeceu pode ser a cura

Se puder um dia deixar de ser alienado

E em cada passo que der, ter o cuidado

De não destruir tudo na sua loucura.

CANTO IV

Às vésperas do nosso inevitável fim

Estamos reunidos aqui nesta escola

Há uma latumiação em você...em mim

Que nos pergunta incessante: E agora?

"Quem somos nós para que enfrentemos

Desta humana raça a ganância extrema?

Essa degradação, como a impediremos,

Se dela não temos consciência plena?"

"Outrossim, somos tão jovens, oxalá

Tivéssemos confiança e maturidade

Para esta missão que transformará

O fatal destino desta humanidade."

Creio em vós, iluminada mocidade

Para fazer do mundo habitat seguro

Sois a semente pelo amor plantada

E se bem cuidado, árvore do futuro.

Trazeis em si da vida a novidade

Iluminados ao sol do novo mundo

Sois o elixir que cura as maldades

Sois a água que limpa este i-mundo

Sendo um dia patrão ou empregado,

Doutor ou leigo, da elite ou dominado,

Cada um de vós sereis o responsável

Por tornar o nosso planeta habitável.

Reciclar, reusar, recuperar, e reduzir

O consumo de água e outros recursos

Podem nos trazer esperança no porvir

Podem mudar da via crucis o curso.

Se você fizer apenas um pouquinho

E cada um de nós fizer como fez você

Mudaremos de tal forma o destino

E a Natureza terá tempo de se refazer.

Não suje, limpe, não estrague, preserve

Não tenha muito mais do que precisar

Consuma apenas aquilo que te serve

Possua apenas o que você for usar.

Com ostentação, todo o luxo vira lixo,

Nunca será o que você no banco tem

Que te fará para alguém benquisto

Você vale muito mais que seus bens.

Seja no mundo a mudança que quer ver

Não espere que acabe para dar valor

Alguém cuidou antes pra hoje você ter

Uma ave, uma árvore, um rio, uma flor.

Plante hoje para deixar à posteridade:

Um fruto, uma sombra, o ar mais puro

Baseie suas ações na solidariedade

A melhor herança chama-se FUTURO

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 12/11/2023
Reeditado em 21/11/2023
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