“Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” Jesus in Mateus, 25:40
Quando em serviço no Acolhimento Fraterno, procurou-me certa vez um jovem companheiro de jornada terrestre pedindo ajuda pelo conforto da palavra amiga e fraterna. Estava atravessando momentos difíceis já de algum tempo e, embora acompanhado por satisfatório serviço médico, sua mente trafegava por outros caminhos. Buscava lenitivo para o espírito inquieto e os desalinhos de pensamentos hostis. Ouvimos muito. Falamos nos momentos azados. Não somos psicólogo ou psiquiatra, somos tão somente colaboradores de boa vontade no auxílio ao nosso próximo. O serviço no Acolhimento Fraterno é cadinho abençoado e precioso para o aprendizado sobre os caminhos da evolução do espírito. De repente, surgiu-nos o aconselhamento para reduzirmos a termo essa pequena experiencia, utilizando os ditos de ambas as partes, sem necessidade, naturalmente, de nomeação e assinatura. Quem sabe poderia ajudar a mais alguém.
“Um desejo incontrolável de se isolar. As pernas assumem um peso enorme, quase insustentável. Deitar ou se sentar é a vontade soberana. Em qualquer lugar, sofá, poltrona ou até mesmo o chão duro e frio. Mais cativante e profilática é a penumbra do ambiente. Preferencialmente entre quatro paredes, sob porta chaveada. Os ouvidos se fecham para qualquer tipo de som exterior ou interior. O mundo transferiu-se para o “EU” passivo. Assustadoramente egoísta e flagelador. Não somente do corpo, mas essencialmente do espírito, vencido e domesticado pelas ondas do pensamento obsessor. Os olhos se perdem no infinito do nada, fixos, imóveis indefinidos em sua expressão sem norte. Que pensamentos transitam nessa avenida incolor? Sem razões maiores a mente vegeta em seu mundo estéril e sem horizontes. Seria a morte a solução de tudo? Mas que morte? Se ela leva apenas a matéria do corpo deixando viva e ainda mais sofrida a vida do espírito, esse sim, imortal em sua essência divina por obra e arte de seu Criador. Então, que fazer diante de quadro tão deprimente e penalizante? A medicina da terra ajuda, é bem verdade, mas sozinha não resolve, posto que o mal se inicia e se prolifera na mente do espírito e não no cérebro do corpo. Então, com fé, abnegação e amor há que se aliar à medicina do corpo àquela da alma. A mesma que o Cristo usou impondo as mãos. A mesma que ele prescreveu ao abraçar irmãos chagados ou cegos. Nunca a parábola do Bom Samaritano se faz tão atual e necessária nesta hora em que a sociedade assimila e cultua a violência, o ódio, a ambição e a arrogância. Proliferam os que se julgam mais fortes e inatingíveis. Esse estado de incertezas, de medos e desconfianças são bilhetes grátis de acesso aos círculos onde a depressão reina dominante e cruel. Somos todos filhos de um só Pai, portanto, irmãos dentro da grande família universal e eterna pela essência do espírito. O mundo está adoecendo e só conhece e confia nos remédios para o corpo. Cabe aos que ainda guardam fé e creem na providência divina fornecer o medicamento mais eficaz para a alma através Prece, sincera, diuturna e caridosa”.