PREMONIÇÃO??? * 7
PREMONIÇÃO ??? - CAPÍTULO 7
MEU QUERIDO AVÔ JISHITI
Tudo que aqui relato aconteceu comigo em 1967... ás 17 h 30 exatamente na Rua Senador Feijó, defronte ao Banco América do Sul onde a maioria dos seus clientes são de origem japonesa e eu mesmo era um deles... pagando as contas de luz e água... pois tínhamos uma loja de vendas de materiais fotográficos na Praça João Mendes ali no centro da cidade de São Paulo...
Mas vamos voltar ao passado como nas viagens de volta ao passado, nos filmes onde podemos sentir o prazer de ter tudo ao vivo e a cores... e claro nasci no interior do estado de São Paulo, e estava com a minha mãe até as 16 horas da tarde do dia 20 de abril de 1945... ou seja exatamente há 76 anos atrás e quase 91 dias e algumas horas...
Foi assim por parto normal de uma parteira experiente negra que todos nós nascemos ... eu e mais quatro irmãs três outras nasceram em hospital, mas a minha criação até os 10 anos foi na lavoura aprendendo com o meu avô de como plantar café, amendoim, batata, cebola, alho e demais legumes que possa descrever por aqui...
Claro que tinha um pai ausente todo tempo... pois ele era caminhoneiro e viajava pelas estradas de terra levando café ou batatas para outros municípios e assim se ausentava até por meses, enfim quase não via o meu pai....
Com isso a minha vida foi sempre de aprender falar em japonês, e aprendi ser fluente na língua japonesa graças a ele e meu pai que também apesar de ter nascido no Brasil foi até tradutor do Consulado Japonês no Brasil graças a fluência dele em falar e escrever a língua japonesa cheia de ideogramas que são 8000 na língua japonesa e 80000 na língua chinesa...
Não se iluda que é fácil decorar aqueles ideogramas e lembrar de como escrever se não praticares o tempo todo... como não escrevo mais em japonês em katakana e hiragana... nem me lembro mais como escrever o meu nome em japonês....
Quando viemos morar em São Paulo , capital devido tal emprego do meu pai como tradutor do Consulado Japonês no Brasil... fizemos eu e o meu pai um pequeno dicionário para japoneses aprenderem como se expressar aqui no Brasil... tal como dizer MARTELO (Português) Hama (em japonês ) e HAMMER (em inglês)... engraçado que os japoneses não têm tal martelo e usam exatamente a linguagem de seu criador os americanos... naturalmente a contribuição do inglês nesse dicionários com 5000 verbetes para tais imigrantes japoneses... fui eu quem contribuiu as palavras em inglês nesse tal dicionário que era oferecido pelo Ministério de Relações exteriores do Japão no Brasil... para cada imigrante que chegou por aqui depois de 1958 em diante...
Assim amigos... quando o meu avô teve câncer no pulmão e teve que ser hospitalizado no Hospital do Câncer do dr. Prudente, estive com ele todas as noites como acompanhante e claro sendo tudo pago era permitido um acompanhante e assim convivi por meses enquanto ele sofria com dores horríveis e dava morfina para amenizar a dor...
Mas como disse ali no início deste relato de premonição... eu tive um mal estar súbito de frente a esse banco dos japoneses... de me apoiar para não desmaiar... e fui apoiado por um transeunte... que perguntou:-
- Tá tudo bem contigo... quer que chame um táxi e te leve para o hospital??? pergunta ele...
- Não... fica tranquilo... que isso já passou... e pedi que o funcionário do banco abrisse a porta já fechada pois os bancos fechavam as 16 h 30 mas o pessoal ficava trabalhando lá dentro até bem mais tarde...
Abriram a porta e perguntaram o que eu queria... e pedi a eles que me permitissem ligar para o hospital... para saber como estava o meu avô... pois sentirá que ele estava partindo dessa vida naquele momento que me senti mal como se fosse um elo de corrente se partindo...
- Pois não... pode usar o telefone... e assim... que me permitiram ligar... para o hospital...
- Sim... seu avô faleceu às 17 horas e 30 minutos!!! foi assim que se despediu de mim como se fosse uma tomada de luz ser desligada e tudo ficar escuro à minha frente...
Nota do autor:- Acreditas que como meu pai estava ausente fui eu quem procurou arranjar todos os documentos e atestado de óbito, e alugar um avião para levar o seu corpo para Martinópolis pois ele queria ser enterrado onde teve a sua vida feliz... e isso fiz questão de dar a ele o nosso último presente dele ir com a minha avó que estava na casa dos meus pais... e não estava na hora de sua partida... e sabes que não consegui chorar pela sua morte... pois vi ele sofrer por quase 90 dias... morrendo aos poucos e tomando doses de morfina e o custo do hospital custou o preço de um avião que os meus tios tinha... mas pagamos pois durante a vida dele nos deu uma fazenda de 300 alqueires de terra produtiva...