Desejo de Ilusão
Sem dúvidas, nossa noção de religiosidade nasce de uma necessidade de superação da morte.
Ontem, perdi uma pessoa próxima, pai de um amigo de infância, meu primeiro amigo. Com ele, meu amigo perdeu tenramente pai e mãe, ambos vitimados pelo câncer. Intimamente e internamente, desejo reconforto à família. Ressalvo, intimamente e internamente, porque já não tenho muito contato com ele. A morte de alguém próximo sempre nos ensina algo. Quando ela bate próxima à nossa soleira, nos modifica. Em mim, fez crescer o desejo de agradecer a Deus a sorte que tenho por meus pais ainda serem vivos, desejo esse também nascido de minha ilusão de que eles possam superar a morte, seja fisica ou espiritualmente, neste ou n’outro plano. Além disso, ela me confirmou a veracidade de uma máxima: que, na vida, tudo passa muito rápido; não há tempo de arrependimentos, inclusive, no amor. Que o Deus, nascido de nossa necessidade de transcendência, tenham-nos em um bom lugar, ainda que ele não exista e seja mera ilusão. Quem sabe eles superem à morte, assim como nós todos algum dia. Tenho essa esperança. Ou essa fé.