Nº26 – Esperança
29/07/20 – quarta-feira
Querido Unicórnio,
Logo entraremos no mês de agosto, e há cinco meses temos tentado aprender a adotar um novo estilo de vida. Aos pouco alguns serviços estão retornando suas atividades, milhares de trabalhadores que se encontram desempregados podem voltar a ter esperança de retorna ao mercado. O velho normal a passos curtos tem se adaptado ao novo mundo. Há dias que eu simplesmente peço a Deus para subir, pois meu barquinho é pequeno e as tempestades parecem não cessar, porém, como em todas as lutas que eu já combati, Ele me dá forças, esperança e uma tripulação de guerreiros como eu para seguir em frente.
Este mês não foi fácil, e confesso que em 35 anos de historia nunca me achei tão desafortunado como o tenho nestes últimos dias. Estou em uma luta contra a vontade de continua lutando, pois às vezes parece que estou levando fogo amigo. Às vezes me sinto como a pobre da Dona Aranha, que ao tentar subir pela parede é impedida por uma chuva forte em dias de verão. Sorte a minha ter herdado a teimosia de minha mãe e o desejo de seguir em frente sempre, se não por mim, por aqueles a quem tanto amo. Já perdi a conta de quantas vezes fui tomado pelo medo, a ponto de chorar copiosamente, pois como alguém que sonha, luta e procura crescer de forma honesta diante de Deus, tenho visto minha esperança ir embora a cada não que recebo nas tentativas de voltar a trabalhar (que impede também outros retornos).
Mas nem tudo na vida são lagrimas e de fato o choro pode durar uma noite, uma semana, cinco meses, mas pela promessa a alegria vem pela manha. Mesmo quando algumas portas são fechadas por nós mesmos, há um propósito. Eu sigo lutando, nem todas as escolhas que eu faço me levam a onde eu quero e/ou devo estar, mas a cada direção que escolho seguir sinto que estou amadurecendo para a benção que ainda não estou pronto para receber. Nesta ultima semana tive dias corridos. Investir em sonhos, próprios ou compartilhados, é algo maravilhoso. As incertezas não inúmeras, entretanto o sentimento de estar vivo, poder sentir a esperança pulsando nas veias é algo pelo qual vale apena lutar.
Talvez você, meu querido Unicórnio, está desacreditado, desanimado, luta após luta e parece não sair do lugar, e tem acordado já pensando em desistir. Olha, você é um milagre. Emprego pode demorar, mas a gente arruma outro; bens materiais não substituem pessoas; dinheiro vem e vai; amores são como as ondas do mar; mas se você se for, nunca haverá outro como você. E se você desistir, o mundo será menos bonito. Tenha esperança, agarre-se a ela como ao ar que você respira, e na ausência no seu normal, arrisque viver o novo.
Recomece.
Reinvente.
Mude de curso na faculdade.
Saia de exatas.
Peque um ônibus diferente.
Mude o guarda roupa.
Vire vegano.
Beije o português da padaria.
Diga “não quero”.
Escolha um lugar no mapa, estreie seu passaporte.
Preze por qualidade ao invés de quantidade.
Não se importe tanto.
Se ame mais.
Nunca perca a esperança,
por que o seu dia chega a cada amanhecer e é você que o faz ser importante.
Lembre-se de nosso lema:
Viver vale mais que existir.
Ser Resistência.
Ser uma flor teimosa que insisti em florescer em uma selva de concreto.
Com amor, Tiago.