O ULTIMO BEIJO
Hoje, queria homenagear a minha Teóloga, a minha Professora, a minha Magistrada, minha Ministra da Economia, da Saúde e das Minas e Energia.
Eu, que nunca tive dificuldade com as palavras, agora não consigo encontrar nenhuma que possa expressar os meus sentimentos de forma coerente. Tudo que sei é que quando o meu tio Manoel Antunes e o primo Cleider nos visitaram, eu que nunca tinha arredado os pés de casa, fiquei deslumbrado com a possibilidade de uma viagem. E foi assim. Peguei a mochila, arrumei uma pequena bagagem e... tchau mãe! Rolou um abraço, um beijo, um afago e uma lágrima! Quando passei pela porta, jamais poderia suspeitar que o destino estivesse me arrastando para uma realidade paralela que eu nem sonhava pudesse existir, do qual eu nunca mais sairia o mesmo. Não tinha ideia do que a vida iria fazer de mim.
Quando meus filhos eram pequenos, costumávamos brincar de "lutinha", de "futebolzinho" de "cavalinho", mas, os meninos cresceram e na vida tudo sempre tem o seu ultimo dia. Se eu soubesse qual dia seria o ultimo em que meu filho estivesse dependurado em meu pescoço, faria o possível para que esse momento durasse uma eternidade. Aquele abraço, aquele beijo, aquele afago, também poderiam durar uma eternidade.
Quando as coisas aconteceram eu estava muito longe de casa. Então, em certa noite eu tive um sonho arrebatador. Daqueles que a gente acorda atordoado sem saber o que dizer ou pensar. Agora sei que fora um lenitivo para os dias sombrios e as noites ensolaradas que se seguiriam. Um sentimento de urgência que não sabia explicar tomou conta de mim. Arrumei minhas coisas e tentei voltar pra casa imediatamente, mas isso não seria possível.
Caía a noite e muito longe dali, dona Maria Antunes de Aquino tinha um compromisso com a S.A.F * que nem todo nevoeiro do mundo poderia dissuadi-la. Tomou os óculos, a velha bíblia e seu casaco pêssego e seguiu por uma transversal. Parou na guia. Precisava atravessar a avenida. As lentes embaçaram. Apertou os olhos, e deu alguns passos decididos e... “ já não era porque Deus para si a tomou”...
Maria Antunes de Aquino * 19/03/1916 - + 22/01/1977
*S.A.F – Sociedade Auxiliadora Feminina.
Deu à luz 16 filhos, fechou os olhos de 06. Nunca perdeu a doçura nem o encanto pela vida. Morreu como soldado em combate com a “espada” nas mãos deixando um exemplo de fé e persistência.