O FINAL PARA ONDE APONTA
O FINAL PARA ONDE APONTA?
O final pode não ser o fim, por exemplo: quando se diz: uma luz brotava no final do túnel. Pode ser o final do túnel, mas não o final do que se propõe ao assim afirmar.
Se diz assim da possibilidade de alguma luz ao enunciado. Talvez proclamando a esperança de se continuar, ou mesmo de se chegar ao reinício de tudo. Podia ser a Última coisa a ser conseguida – prenúncio de uma nova chance, ou mesmo, de se chegar ao alvo. Assim como um atleta de maratona cujas pernas já reclamando da dor e do cansaço, mas que, ao contemplar a linha de chegada, busca o limite de sua capacidade almejando tocar a faixa e ser declarado vencedor.
Nesse mesmo deslinde, é o que acontece com o estudante que busca alcançar o sonhado “curso superior”, embora desconhecendo o que será após a conquista do diploma de “doutor”; O construtor ao fazer as primeiras marcações no chão de onde deverá brotar a casa pretendida, mesmo não sendo capaz de fazer as previsões do tempo que levará na sua construção; O pai de família que se propõe em ter filhos, que mesmo com todo preparo para entender os desafios que terá para a sua criação, permanece confiante no seu projeto mesmo não entendendo para onde ele aponta.
Como dizia meu amigo: o caminho entre dois pontos é a reta. O ponto de partida e o ponto final. Assim, o ponto final de um propósito, apenas aponta para a meta estabelecida – seguir pelo caminho. Se almeja chegar ao ponto final, uma nova reta começará estará logo à frente para ser construída. Nesse entendimento se encontra o propósito de Deus na vida do homem. Dentro dos desígnios de Deus sua criatura construída com propósitos eternos, mesmo vivendo a sua temporalidade, dentro dos propósitos humanos a sua construção é de ponto a ponto, em busca da compreensão de si mesmo enquanto prossegue na sua peregrinação.
Para o atleta, alcançar a faixa e ser proclamada a vitória, talvez sem muitas perguntas sobre o que será após a conquista. Quem sabe, se a fama, se o saldo na conta bancária, se uma vida com maior qualidade, ou novas conquistas? O “João do pulo” campeão do salto em distância no Pan-Americanos do México em 1975 jamais poderia pensar que após tantas vitórias, perderia seu bem mais importante – uma das pernas que o fizeram saltar para sua consagração como o melhor. Seu investimento reduzido quase ao pó. Estando, porém, vivo – a vida continuaria, de que modo e até quando? O final apontava para o desconhecido.
O estudante, agora “doutor”, se pergunta: o que fazer, agora que estou preparado para o desempenho da profissão? Se advogado, se a pretensão era de que tão logo teria bom resultado financeiro, pode tirar o cavalo da chuva. Advocacia se constrói com tradição pelo reconhecimento do profissional ao longo do trabalho, ou melhor, a longo prazo. Se médico, ir se acostumando com os plantões noites adentro, até conseguir ser identificado pelo resultado do seu trabalho como profissional. O que poderá vislumbrar ao final de sua carreira?
Apenas alguns casos aqui são considerados a despeito da compreensão acerca do que vale a vida, se vencidas todas as ambições e projetos que os anos permitiram ser construídos? Tendo alcançado sucesso ou insucesso; tendo juntado muito dinheiro ou permanecido até o fim buscando o pão de cada dia. Quem pode contemplar a luz ao final do túnel? O final do que foi proposto aponta para onde?
Certamente que, o amanhã será o resultado do que hoje temos plantado, pelo menos no que tange a nossa vida temporal. Via de regra, na vida cada um de nós andou construindo pontes em cada passagem que a vida nos tenha reservado. Conscientes ou não dos limites que a vida nos impõe, para uns, o final da sua peregrinação aponta para a eternidade, crendo nas promessas do Criador que assim construiu a sua peça mais importante de toda a criação – o homem. Para outros, o que estaria apontando após o fim desta vida?