Pra não dizer que não falamos das flores
É sobre não ganhar flores nesta data. Somos as que não recebem rosas vermelhas ou brancas nesta dia. E o real motivo disso é que o sistema nos põe em uma espiral do silêncio, e insistentemente trabalha para nos tornar invisíveis.
Somos as mulheres negras que sofrermos com a questão da interseccionalidade. Temos que enfrentar o machismo, o racismo e ainda temos que lidar com os piores indicadores do Brasil em relação a violência. Em 10 anos, de 2007 a 2017, o assassinato de mulheres negras aumentou quase 30%. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que ainda divulga que a maioria desses assassinatos acontece com as vítimas em seu próprio domicílio. E se tratando de violência doméstica e familiar, aqui no Estado do Tocantins, os atendimentos efetuados pela Defensoria Pública estadual, em 2019, traçam que 80% dessas mulheres são negras e estão em situação de vulnerabilidade social.
Os dados das pesquisas nos tiram o fôlego, mas nunca a nossa força de lutar em conjunto para ocupar o nosso espaço. O 8 de Março é um grito para lembrar de todas as conquistas, e uma data para também refletirmos sobre o quanto ainda nos falta. Mas que bom que já estamos no caminho! E é por isso, que acreditamos enquanto um coletivo, que juntas podemos conquistar muito mais. Juntas já tivemos muitas conquistas, porque somos todas protagonistas nessa história!
Nós Podemos! Resistência Mulher!
Texto especial escrito representando o Coletivo de Mulheres Negras Ajunta Preta do Estado do Tocantins.