AMAR: VERBO INTRANSITIVO ? ? ?
Esse título é uma das pérolas do príncipe dos modernistas, Mário de Andrade. Mas, o verbo amar é mesmo intransitivo? Segundo a norma culta da língua Portuguesa, verbo intransitivo é aquele que apresenta sentido completo, que não exige complemento, que pode, sozinho, constituir o predicado.
Algum poeta em algum lugar certa vez escreveu:"O curioso é que o Amor também pode ter essa definição, um sentimento que possui sentido pleno, completo, que não precisa de um complemento, podendo constituir, sozinho, a mais pura emoção humana".
Quando associamos a idéia ao amor Ágape que é aquele amor transcendente, irrestrito, incondicional, que não pede contrapartida, que não exige complemento, descrito pelos profetas: “...Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” Jr: 31:3; pelos teólogos: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” Rm:5:8; pelos poetas: ”... O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses...” 1º Co:13, então parece mesmo fazer todo sentido, muito embora a semântica diga o contrário.
Entretanto, quando mantemos um olhar no texto áureo sobre o amor de Deus, parece haver outro significado: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” Jo 3:16. Um dia, no decurso da eternidade, por uma razão que não nos é facultado perscrutar, os olhos de um Deus bondoso pousaram sobre pessoas que, absolutamente, não eram dignas de tamanha graça. Essas pessoas então, se tornaram o objeto direto de seu amor. Ora, onde há objeto direto, o verbo não pode ser intransitivo. E onde há um amor tão incondicional, não devemos ficar intransitivos.