CACTOS
Quando olhamos para um cacto temos muito a aprender com ele.
Porque o cacto sobrevive em meio a dificuldades extremas. O cacto tem espinhos, é verdade. Há porém quem diga que na verdade são folhas transformadas, e quem poderá criticar o cacto? Cada um se defende como sabe. Assim também somos nós, pois aprendemos a nos virar como sabemos e podemos, e nessa luta pela sobrevivência, muitos de nós tem suas folhas transformadas em espinhos; para quem vê pode até parecer que a pessoa vive atacando, é mau humorada, fechada e outros adjetivos mais. Mas para o ser-cacto é apenas o seu jeito de se defender. O cacto pode parecer intocável, mas dentro de si há sensibilidade, há um coração capaz de amar e ser amado.
Talvez o cacto não tenha a beleza das outras vegetações, mas quando as coisas ficam ruins, a maioria seca-se à sua volta, mas o cacto permanece.
Ele é forte e, apesar de tudo, ainda encontra forças para florescer e frutificar.
Os rios secam, mas o cacto segue em frente. É possível que ele próprio desconheça a força que possui.
Para muitas pessoas-cacto, esses rios são seus apoios emocionais:
O pai, a mãe, os filhos, o esposo ou esposa, um amigo ou outro alguém que está sempre presente em sua vida. Mas, um dia, assim como o rio segue o seu curso, esse alguém também segue o seu curso, ou porque a vida cessou ou porque a cumplicidade cessou. E, quando isso acontece, muitos cactos se assustam e sofrem muito e alguns pensam que não resistirão ao sol escaldante que se apresenta em sua vida, porque pensa: tudo poderia dar errado, menos você, meu rio, secar e, agora que você secou eu também secarei porque eu me nutria das suas águas.
No entanto, o cacto vai descobrir que assim como o seu rio, ele também tem um curso na vida. Ele não pode se entregar, pois o sertão sem o cacto não é o mesmo sertão.
Então, ele luta e não se entrega e floresce e frutifica.
E descobre que existe muita força dentro dele, e o seu interior está cheio de vida, ainda que num primeiro momento isso pareça impossível.
Há cactos, inclusive, que são comestíveis. Ou seja, deles sai o alimento necessário a outros seres.
Assim também, há muito de bom dentro de nós para oferecermos ao mundo. Não podemos desistir, por mais seca que a vida pareça, há de correr águas de alegria no leito do coração.
Meu querido cacto, sem você o sertão seria mais árido e mais triste, pois as suas flores ainda que demorem a desabrochar são desejadas dos que te amam. O mundo com você é mais completo, por isso saiba que a sua força, embora você não a sinta, mantém acesa a lâmpada dos que estão à sua volta.