UM CONVITE

Nos dias de hoje, as pessoas vivem como autômatos: olham mas não enxergam, escutam mas não ouvem, tocam mas não sentem. Eu hoje queria fazer um convite:
 
Tire dez ou quinze minutos do seu tempo de fazer coisas e cumprir metas e horários e vá para um jardim. Serve qualquer jardim; pode ser uma praça pública, um parque, o quintal da sua casa, e na falta de qualquer um dos citados, uma  rua com muitas árvores. Chegando lá, encontre um local aonde possa sentar-se ou recostar-se confortavelmente, e apenas observe. 
 
Perceba os passarinhos. Quando você os escuta, eles cantam para você, e então você reconhecerá que eles sempre estiveram ali, cantando, mas você nunca dedicou seu tempo a ouvi-los. Chegue perto de uma flor, e olhe para ela. Aspire seu cheiro, mas faça-o de verdade, pois muitas vezes, nós cheiramos uma flor rapidamente e dizemos: “Ah, mas ela não tem perfume!” Sabe por que? Porque a gente cheira errado. Se a gente cheirasse certo, poderíamos sentir os perfumes das asas de joaninhas que pousaram nela. Poderíamos sentir o cheiro de sol, vento e chuva. Agora, com muito cuidado, toque as pétalas e sinta sua maciez – mas faça-o bem de leve, para não machucar a flor.
 
Respire profundamente várias vezes, e bem devagar. Deixe que o ar realmente encha seus pulmões completamente, e perceberá, após algumas dessas inalações e exalações, uma leve tontura. É o oxigênio percorrendo seus pulmões, entrando no seu sangue, efetuando uma verdadeira limpeza dentro de você. Por isso você sentirá essa leve tontura: são os seus sentidos ficando mais aguçados. Talvez haja um formigamento agradável. Respire assim várias vezes, até sentir que uma alegria suave toma conta de você.
 
Agora, observe as pessoas que passam. Cada uma delas têm seus problemas, suas vidas, suas dúvidas, medos, inseguranças. Tente estabelecer uma conexão com elas – não precisa conversar, basta sentir que vocês todos são muito parecidos, mas que ao mesmo tempo, cada um é totalmente único em suas peculiaridades, ritmos e preferências. Talvez, ao observar os rostos das pessoas, você “sinta” instintivamente quais delas poderia ter uma conexão maior com você. Geralmente, tais pessoas são as que fazem com que a gente se sinta bem e em paz. Mas este é um exercício que precisa ser feito várias vezes para que você finalmente desenvolva esse seu lado intuitivo. Ele será muito útil, pois através desta prática, você aprenderá a não desperdiçar seu tempo e sua energia com pessoas que não têm absolutamente nada a ver com você. 
 
Agora levante-se do seu lugar, dê uma boa espreguiçada, esticando seus membros, estalando seus músculos e ossos. Sinta-se dentro do seu corpo, mas saiba que sua vida também continuará fora dele. Mesmo assim, trate-o bem; coma menos besteiras, beba mais água, durma bem. Respeite-o, não o submetendo a exercícios que forçam seus nervos, tendões e músculos (lembre-se: o coração é um músculo) de maneira exagerada e desnecessariamente. Seu corpo vai ter que durar até o final da sua vida, e você não quer desgastá-lo antes do tempo, chegando a uma idade avançada com dores causadas por excesso ou falta de exercícios.
 
Enquanto caminha de volta para o seu local de trabalho, casa ou estudo, vá agradecendo por tudo o que você tem, por todas as coisas que passou para chegar a ser a pessoa que se tornou – mesmo e quem sabe principalmente, as mais doloridas. 
 
Se você fizer isso todos os dias, durante apenas dez ou quinze minutos, vai perceber o quanto você se tornará mais sensível, intuitivo, agradável, compreensivo, grato e feliz. Mesmo que esteja vivendo fases muito difíceis na sua vida, conseguirá passar por elas mais rapidamente, saindo do outro lado como uma pessoa melhor e mais forte.
 
E pelo amor de Deus, pare de reclamar e de vitimizar-se. Isso enche a paciência de qualquer um e afasta as pessoas.


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 16/07/2019
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