A ponte do Rio das Antas
Às vezes em que fiz esse trajeto na Serra Gaucha, trouxeram-me à reflexão algo muito importante e que relacionei ao caminho da vida.
Enquanto dirigia, lembro de ter visto em meio a um vasto vazio ao lado da estrada e de forma minúscula, o que parecia um pequeno corrego, trespassado por uma ponte menor ainda. Na medida em que o carro se aproximava, pude vê-la outras vezes e, em cada uma delas seu tamanho foi aumentando até tornar-se do tamanho natural, esforçando-se para cobrir em cada etapa, o volume e a força d’água, bela e assustadora, e que seguia seu caminho sem se importar com a ponte que a cruzava.
Após transpô-la, o que aconteceu num período de tempo muito curto em relação ao pavor que senti até a ela chegar, conclui que da mesma forma como me aproximei, também lhe dei às costas, e pude ter a certeza ter valorizado equivocadamente mais o medo do que a emoção.
Constatei o poder negativo de nossa mente quando sobre ela perdemos o controle e a deixamos à deriva, permitindo assim que maus pensamentos regulem nosso estado de espírito. Quantas vezes nos assombramos com situações futuras, e que acabam não dando em nada?
Quantas vezes padecemos uma eternidade de tempo a espera daquele fantasma que nós mesmos criamos – e numa fração de segundos o lençol se desfaz – e nada há por debaixo?
A vida é assim, mais hoje, mais amanhã damos de cara com situações que podem nos atormentar - é inevitável .
Porém, tanto no caso da ponte como em qualquer situação em nossas vidas, precisamos enfrentar o medo da forma que ele se apresentar. O caminho não tem volta e os obstáculos estão aí para serem ultrapassados e comemorados.