Aprendendo a Viver Bem em tempos de Crise.

Aprendendo a Viver Bem em tempos de Crise.

Hc. 3:16-19.

“Ouvi isso, e o meu íntimo estremeceu, meus lábios tremeram; os meus ossos desfaleceram; minhas pernas vacilavam. Tranqüilo esperarei o dia da desgraça que virá sobre o povo que nos ataca. Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos,

ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor Soberano é a minha força; ele faz os meus pés como os do cervo; ele me habilita a andar em lugares altos.”

Habacuque. No hebraico, seu nome significa “abraço amoroso”

O espaço existencial no qual viveu o profeta Habacuque era de grande instabilidade política. Depois dos reinados de Manassés e Amon, que foram anos difíceis para Judá, subiu ao trono o rei Josias (640-609 a.C.) que pôs em ação uma política religiosa de grande vulto. Essa reforma, porém, foi bruscamente interrompida em 609 com a morte de Josias. Joacaz o sucedeu por três meses, mas foi deposto pelo faraó do Egito, que colocou em seu lugar o rei Joaquim (609-597 a.C.).

O império assírio tinha entrado em decadência, mas o império egípcio dominava a região, e a Babilônia estava em franca ascensão no cenário internacional. Judá, o Reino do Sul, buscava equilibrar em meio a essa situação, ora buscando apoio no Egito, ora na Assíria. O problema era sempre distinguir qual seria a grande potência em que deviam se apoiar para manter a segurança e a independência.

Joaquim era um rei vassalo do Egito e tinha que enfrentar partidos que não admitiam essa vassalidade e julgavam que recorrer à Assíria poderia ser mais vantajoso. Ao lado dessa instabilidade política, o reino de Judá apresentava sérias crises econômicas, devido ao pesado tributo. Ao lado desse tributo, o povo era explorado para sustentar o luxo da elite governante, como é denunciado pelo profeta Jeremias (Jr 22.13-19).

É nesse tempo que podemos situar a atividade do profeta Habacuque, que denuncia a situação interna e externa do país. Ele pergunta a Deus o que fazer dentro de um quadro tão difícil para o povo. No seu curto livro, Habacuque traça um plano de resistência para que o povo justo possa compreender as causas da situação e, ao mesmo tempo, proceder a uma ação crítica que traga esperanças de transformação.

Percebemos nos versículos que lemos, Habacuque tinha uma convicção firme em seu coração de que Deus não tinha perdido o controle da situação, que na verdade Ele tinha permitido Judá passar com o propósito de tratar o pecado e ensiná-los a depender exclusivamente do Senhor Deus. Habacuque mesmo inserido em uma realidade preocupante, em uma realidade de dor e lamento, em uma realidade de insegurança e instabilidade nacional; consegue adorar ao Senhor por sua grandeza e majestade, pois a vida de Habacuque não esta firmada nas coisas que Deus poderia dar a ele e ao seu povo, mas firmado ele estava na pessoa do Senhor, sua alegria e satisfação estavam em Deus e não na política econômica e social de sua nação. Habacuque nos ensina que:

“Os Tempos de Crise não podem tirar a Graciosidade da vida do Crente.”

Que atitudes devemos ter em meio as crises para que não percamos a Graciosidade na vida que Deus nos deu?

1. Filtre as águas que alimentam seus sentimentos, para que não contamine a fonte de sua alegria.

a.

2. Não tenha medo de demonstrar seu Contentamento, mesmo que te chamem de Louco.

3. Não devote sua Confiança e Segurança nas coisas e ou sistema do mundo. Confie e Segure-se em Deus.

a. Há que se explicar, porém, que o ímpio citado pelo profeta não tem nada a ver com a idéia postulada pela maioria de tratar-se de uma pessoa perversa, hedionda, um pervertido, moralmente falando. O ímpio, no conceito bíblico e em Habacuque, não é aquele que é identificado como um não crente. O ímpio a que a Bíblia se refere pode ter todos os trejeitos de santo, piedoso, uma maquiagem perfeita de espiritualidade, mas as suas práticas são injustas. O ímpio, na visão de Habacuque, não é o não crente, mas, sim, o que comete injustiça. Por isso, não nos enganemos, o ímpio pode ser extremamente religioso, mas usa a religião para produzir injustiça.

4. Ande no lugar preparado por Deus, acima das limitações do mundo.

a. Habacuque descobre que o justo não é uma personalidade passiva na história, mas um sujeito ativo de transformação da história. Habacuque descobre que os caminhos de Deus são misteriosos e às vezes paradoxais e ninguém pode prevê-los. Habacuque descobre que numa sociedade dominada pela injustiça e corrupção, somente a lealdade e a fidelidade prevalecem. Habacuque descobre que a história de Israel e do mundo não está à deriva, mas Deus tem a última palavra. Habacuque descobre que, conquanto as coisas não aconteçam como gostaríamos, Deus continua sendo o Senhor da História.

b. Habacuque, então, tomando consciência do papel do justo entre Deus e a história, ou seja, o de ser instrumento para Deus agir na história, ele deixa de ser resignado e passivo. Quanto mais o profeta abre os olhos, tanto mais ele vai compreendendo que a sociedade e a história construídas pelo injusto não são absolutas e intocáveis.