Quando

Quando

Quando tudo fica escuro, ponho-me a lamentar e reclamar? Quando o ar começa a esfriar, fico a tremer e não busco um lugar para me abrigar? Quando as dívidas aumentam e o dinheiro não vem, eu choro também? Quando a saúde é escassa e a doença é abundante, eu me limito, contra Deus, blasfemar a todo instante? Quando muitos me criticam e ninguém me elogia, eu desisto da lida nesse dia? Quando os amigos desaparecem de vez, eu penso que a amizade não vale a pena, talvez? Quando só pesadelos invadem minha noite, recuso-me a fechar os olhos e faço da insônia meu açoite? Quando o relacionamento fracassa, depois mais um, digo que não quero encontro algum? Quando na estrada escorrego e caio, então de todos os caminhos eu logo saio? Quando persistindo na busca me sinto sem ânimo, desisto da procura e me entrego ao desânimo?

Não, quando o escuro é assustador eu procuro o interruptor. Quando o frio quer congelar meus ossos, recorrer a um lugar quentinho eu sei que posso. Quando o dinheiro já não me faz companhia, nem assim perco minha alegria.

Quando a saúde me falta, a doença me assalta, faço minha fé ficar mais alta. Quando elogio não tenho, nem apoio também, multiplico minha auto estima várias vezes por cem. Quando o número de amigo se escassa, nem por isso da amizade perco a graça. Quando sonhos bons não querem vir, nem por isso deixo de dormir. Quando alguma convivência se torna insuportável, mesmo assim não deixo de me fazer amigável. Quando desabo com a face por terra, nem assim minha caminhada se encerra. Quando dificilmente a busca dá certo, o tempo é curto, então meus passos eu aperto.

Aberio Christe