Alma Farta!
A alma farta pisa em favos de mel, mas à alma faminta até o amargo é doce.
A alma faminta se apega à pequenos bocados da Paz dos Céus para que possas se saciar, porém a alma farta despreza seus manjares.
Às vezes a alma faminta fica à espera de alimento que sacie sua fome e lhe traga conforto ao coração aflito.
Fica aguardando ansiosa por uma mensagem de conforto ou por uma saudação dos Céus, assim como os guardas da noite anelam pela manhã.
Espera, porém, nada vem, porquanto muitos estão mais preocupados em saciar o coração cheio de mosto, do que alimentar a alma faminta.
Estão embriagados de tanto mosto, não se apercebem que a alegria do vinho da satisfação terrena é passageira, porém seu estrago pode ser irreversível.
Quando se ouve falar dos bens do porvir, o silêncio é quase que total, porém quando o assunto refere-se aos prazeres e alegria da carne, muitas vozes se fazem ecoar.
Às vezes, a falta de provações nos traz acomodação, fazendo nos distanciar de Deus.
Por falta da necessidade de se buscar uma palavra de conforto, por estar materialmente tudo bem e o nosso coração alegre com isso, fazemos silenciar a nossa alma.
Muitos pensam que agradecer à Deus por algo recebido, é apenas fazer notório aos demais o que recebeu.
Com as nossas boas obras é que de fato agradecemos à Deus pelos bens recebidos, sendo o maior de todos, a esperança da vida eterna com glória.
Este Bem, jamais pagaremos, somente agradecer à Deus, não basta, servi-lo de todo o nosso coração, ainda é pouco.
Ah, que insensatez, porquanto só nos aproximamos de Deus quando estamos em necessidades.
Não é pouca a nossa insensatez, pois nos é necessário provações para nos lembrarmos de Deus com mais intensidade.
A tranquilidade terrena nos faz estar fartos das coisas de Deus, nos faz pensar que a guerra acabou, ou que nem existe.
Muitas vezes, os bens materiais são iscas para nos enlaçar a alma, nos fazem tão pobres de Deus que o relegamos à um segundo plano.
A alma farta não verá à Deus, porém a alma faminta jamais se enfastiará Dele, porquanto é insaciável daquilo que lhe traz vida.
O Deus vivo da eternidade e dos bens do porvir é o seu combustível, portanto, enquanto não chegar ao seu destino, o buscará incessantemente como à um bocado de pão, não quer ficar sem este combustível pelo caminho.
Despertas ó alma farta que dormitas entre os mortos, acordas para sentir fome do que é dos Céus.
Aparta-te um pouco do teu vinho, vinde buscar a Santidade, enquanto a podes achar, pois se fores encontrado dormindo no seu fastio, dormindo ficarás e não seguirás ao Senhor.
A alma faminta nunca se farta, porquanto não há alegria fora da sua Pátria eterna, apenas os bens do porvir a sacia nesta terra estranha.
Deus seja louvado!
Amem!