IMORTALIDADE
Olho da minha janela e vejo as flores no jardim, repletas de cores e aromas, E, no entanto têm uma vida tão efêmera. Vejo e ouço os pássaros voando e cantando no espaço sem fim, tão livres, Mas sei que, em breve, não mais levantarão voo. Extasio-me diante da beleza das árvores, erguendo-se altivas rumo ao céu, Mas amanhã serão curvadas ao peso do tempo. Penso nos rios, descendo céleres das montanhas, rumo ao mar, Tornando-se córregos para um dia secar. Admiro-me ante a grandiosidade dos prédios cheios de arrojo e garbo, No entanto, um dia, serão escombros. Invejo os aviões e foguetes cortando os céus, magníficos e possantes, Fadados, contudo, um dia, a simples peças de museu. Inebrio-me ao olhar o céu, repleto de astros, qual peças de luz, em um imenso manto, Caminhando para o ocaso, único fim da matéria. Entristeço-me ao pensar que tudo a nossa volta, findará. Faltando-lhes, porém a inteligência, não se dão conta de seu destino. Finalmente percebo em mim e em meus semelhantes a grande diferença: Nós pensamos, logo vivemos e temos consciência da magnitude da vida. Mais que isso, não nos conformamos com o fim da existência. Sentimos que tem de haver algo além. Não podemos passar como os objetos inanimados ou como os seres irracionais. Temos em nós sementes de vida eterna que nos dizem que nossas vidas não são um acaso. Há em nossos corações uma sede de beleza e de vida que ultrapassa o tempo e espaço. Procuramos respostas de quem somos de onde vimos e para onde vamos, Que os demais seres desconhecem e ignoram. Sabemos que a matéria precisa ser criada, que não surgiu do nada, pois o nada não pode criar. Damo-nos conta, finalmente, que há um criador, que nos deu uma posição privilegiada na criação, e que portanto quer algo mais de nós. Desde então ansiamos pelo encontro com o Criador, Única forma de saciar nossa sede de Imortalidade.