Um porto seguro
Era um tempo de desesperança. Além das janelas havia uma estrada e pela estrada casas, pessoas, bichos, carros e outras tantas estradas que levavam a um horizonte coberto de montanhas e, bem depois delas, um oceano sem fim. Agora ela parecia entender “as muitas águas...”
Ela caminhava sozinha, como sempre caminhou, e a estrada longa ainda repercutia em seu coração. As muitas ladeiras, vielas, os abismos infindáveis, as espantosas planícies desérticas estavam impregnadas em seu ser. Calejados os pés e feridas as mãos, seu corpo traduzia a longa caminhada.
Mas, havia um porto. Sim, um porto seguro onde os caminhantes podiam recuperar as forças ou, quem sabe, simplesmente ficar. E ela sabia que mesmo não estando nele, sabia dele e isso lhe transbordava o coração de esperança. Havia um porto de refrigério e segurança e ela caminhava para lá. A despeito de tudo o que fora até então, caminhava resoluta a estrada da vida que se renova e se refaz a cada novo dia.
Adelaide de Paula Santos
23/01/2017 - 2a feira de chuva em Taguacity.
Este texto foi insperado pela música "Turn,turn,turn", The birds, cantada por Alan Powell.