Eu deveria...

Eu deveria me alegrar com o Natal,

eu deveria estar com o coração em festa

para comemorar o aniversário daquele

que deu a vida para que eu pudesse

estar aqui e ser o que sou.

Eu deveria, mas não posso, e mesmo que dentro de mim a fé se avive muito mais nessa época, caminho de olhos baixos, não consigo enxergar o Natal festivo que o mundo tenta me vender...

Mas eu deveria fazer dessa data uma data especial para comungar com as pessoas o amor tão grande que herdei do meu Pai,

eu deveria sair distribuindo sorrisos com as mãos coalhadas de presentes, mimos aos meus, às crianças que não tem um mãe, uma casa, e aos que já não tem uma família para abraçar nesse dia, porém, eu não estou mais em mim, não na mesma pessoa que passou o ano entre sorrisos apressados e uma carga grande trabalho, e ainda que não queira eu me recolho aos meus

porões, lambo também as minhas feridas, e, porque ainda sou muito egoísta, também tenho as minhas mazelas, ao invés de distribuir um pouco do que tenho, castro-me nessa solidão, para olhar para o meu mundinho, que não é diferente dos que entre lágrimas anseiam sobreviver às comemorações...

Eu deveria aprender a agradecer mais e pedir muito menos, aí me dou conta de que ainda não aprendi ser como gostaria de ser, ou como deveria ser;

me vejo prostrada diante das minhas necessidades sem me lembrar de mostrar aos meu problemas que tenho um Deus muito maior do que as adversidades

que queiram me engolir...

Eu deveria me alegrar em ter chegado até aqui e que apesar de toda a minha ignorância Deus ainda confia na minha capacidade de me superar a cada dia, por isso me prova incessantemente.

Eu deveria sair do meu pequeno mundo de Alice e pregar as Boas Novas; porque é isso que Ele espera que eu faça.

Eu deveria esquecer um pouco as minhas dores, ao menos nesse instante, então porque diabos eu fico

me olhando no espelho, confessando minhas culpas ao invés de por em prática o que meu coração já sabe?

Até quando vou continuar desapontando o aniversariante?

Até quando Ele vai continuar depositando em mim a mesma confiança?

Até quando essa chama vai arder aqui dentro de mim, e eu vou continuar guardando só para mim?

Até quando vou morrer em cada dia com esse amor entalado na garganta ao invés de distribuí-lo sem reservas às pessoas que carecem de um pedacinho dele, para se sentirem também amados como eu sou?

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 15/12/2005
Código do texto: T86265
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