A Paz
Final de ano é um período que me desperta sentimentos contraditórios.
Ao mesmo tempo em que nos envolvemos nesse espírito natalino, que desperta a humanidade que andamos tanto precisados, é um período marcado por perdas muito significativas em minha vida.
O fato é que cada perda é uma experiência, não fácil de ser vivenciada.
Somos apegados e queremos todos os nossos amores ao nosso lado. Mas, precisamos entender que não dá para lutar contra a dinâmica da vida. Só nos resta aceitar e, seguir.
Aceitar os processos de nossa existência é um importante primeiro passo. Há quem diga que é preciso estar preparado. Mas, me diga a verdade, quem se prepara para a doença? Quem se prepara para a despedida?
A gente se prepara é para a saúde, para a fartura, para as coisas boas...Ninguém quer se preparar para a despedida, para a derrota, para a partida... Não sei se há algum meio para isso.
Mas, se não é possível se preparar, é totalmente possível se manter lúcido e reconhecer que a vida nos trará situações dolorosas, difíceis e, deveremos vivenciá-las em plenitude para adquirirmos o aprendizado necessário em cada novo desafio.
Cada chegada é única. Cada partida também.
Não somos a mesma pessoa nos diferentes momentos. Nosso olhar e nossa postura diante das situações muda conforme seguimos.
Com a lucidez, chega um momento em que o maior desafio se torna a conquista da Paz.
A Paz de aceitar o que não podemos mudar, de acolher a saudade como parte da vida e de valorizar os momentos que tivemos ao lado de quem amamos. A paz de lembrar com carinho, em vez de pesar.
É nesse equilíbrio frágil que encontramos força para seguir, transformando as ausências em inspirações e as dores em aprendizados. Afinal, o final de ano, com todas as suas contradições, nos convida a refletir sobre o que realmente importa: o amor que compartilhamos, as memórias que construímos e a esperança de um novo ciclo, onde possamos continuar buscando sentido e cultivando afeto.
Que nesse período, mesmo com as dificuldades, possamos celebrar a vida, honrar as partidas e abraçar com gratidão tudo o que ainda temos para viver. Porque, no fim das contas, a Paz que conquistamos dentro de nós é o maior presente que podemos nos dar.
Muita Paz!
Roberta Olmo.