O usurpador do Natal

 

Por toda parte - no comércio, nos condomínios, na televisão - a figura onipresente do Papai Noel. Um grande amigo me envia um vídeo natalino que, afora a música, só mostra isso: o Papai Noel, as renas voadoras, o trenó, presentes em profusão, decorações, luzes e até o boneco de neve que ultimamente se juntou à parafernália natalina.

E o Menino Jesus, que foi feito dele?

O Natal é a comemoração do nascimento de Jesus Cristo em 25 de dezembro (e há razões históricas para crer que a data é verdadeira e não apenas convencional). Natal é o Presépio: a Sagrada Família (Jesus, Maria e José), os animais, os pastores, os anjos, os Reis Magos e a Estrela de Belém. Em suma, a presença da Criança Divina.

Não sou tão radical, até lembro que em meu tempo de criança acompanhava a saudosa revista "Mindinho" e na época de Natal sempre colocavam o Papai Noel às voltas com o Pernalonga e o Gaguinho. Eram histórias divertidas.

Mas a meu ver não se justifica os pais mentirem para os filhos e até praticarem pantominas, usando disfarces para enganar as crianças. Além disso essa obsessão de Papai Noel - uma figura mitológica - leva as crianças a se tornarem egoístas e cheias de cobiça, inclusive sendo subornadas para se comportarem bem: "senão o Papai Noel não vai te trazer presentes".

Como se isso não bastasse essa figura ominosa invadiu também o mundo dos adultos nos anúncios, nas lojas de departamento, até em cerimônias publicas, com o dito cujo descendo de helicóptero, já que renas voadoras não podem ser simuladas.

Alguém pode explicar às crianças como pode o "bom velhinho" circular no mundo inteiro e visitar todas as crianças - menos, é claro, as crianças pobres, que não recebem nem comida, que dirá presentes - no espaço de uma noite? Nem que fossem renas a jato.

E fora esse hedonismo de transformar o Natal em comedorias, bebedeiras, trocas de presentes e cumprimentos, guirlandas, luzes piscantes e nada de Jesus, o Aniversariante, que um mundo de materialismo faz questão de esquecer.

 

(Imagem do desenho animado de Roy Edward Disney, "A pequena vendedora de fósforos", a menina que morre de frio no Natal.)