SOBRE NATAL E ANO NOVO
Piscamos os olhos e já é “Natal novamente”, e daqui a poucos dias, Ano Novo... Primeiramente gostaria de tecer um breve comentário sobre o Natal, essa grande festa litúrgica em que se celebra o Nascimento do Salvador Jesus Cristo, como diz São João evangelista “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), -- “Et Vebum caro factum est, et habitávit in nobis…” -- , pois bem, aprouve a Deus encarnar-se para redimir nossa carne mortal, revestindo-a de sua divindade, com efeito S. Gregório de Nissa († 394) e outros autores da patrística (por volta do século IV), já diziam: “O que não foi assumido pelo Verbo, não foi redimido”. Assim, foi conveniente (para usar um termo tomista), que Cristo assumisse a nossa natureza a fim de salva-la. Esse é o grande sentido do natal, o Deus que vem ao nosso encontro para nos elevar, para nos redimir, para nos dar esperança. Não é um “aniversário” de Jesus, pois ao celebrar o natal, na liturgia tornamos presente – como que rasgando o tempo – aquele nascimento no seio virginal da Santíssima e sempre virgem Maria, “aquela que acreditou” (Lc 1,45).
O Papa Francisco na Encíclica Lumen Fidei, nos ensina que “Por meio de sua encarnação, com a sua vinda entre nós, Jesus tocou-nos e, através dos sacramentos ainda hoje nos toca; desta forma transformando o nosso coração, permitiu-nos – e permite-nos – reconhece-Lo e confessa-Lo como filho de Deus” (LF, n.31). Que o Natal do Senhor, renove sempre a fé, a esperança e a caridade em nosso coração.
E sobre o Ano Novo, o que dizer? Relembro as belas palavras do grande poeta Carlos Drummond de Andrade em "Receita de Ano Novo" onde lemos no finalzinho:
“ Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”
Pois bem, não é mágica, o Ano Novo, além de uma convenção registrada em nossos calendários, é o decurso inevitável do tempo e da vida, é a dança cósmica de nosso planeta ao redor do sol e de nossa galáxia pelo Universo... E para fazê-lo novo, como disse o grande Drummond, -- nas entrelinhas -- é preciso acordar! Analisar o que tem feito, corrigir o rumo, caso não esteja no prumo, e caminhar... Traçar objetivos possíveis, reais, e lutar, “eu sei, não é fácil, mas tente...” E assim, poderemos fazer verdadeiramente com que o ano se torne “novo”. Mas, lembre-se, sempre com a graça de Deus, pois sem Ele “ nada podemos fazer” (Jo 15,5)
Feliz Natal Feliz Ano Novo!
Léo Martins.
23/12/2023