A verdadeira essência do Natal

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1, 14a)

As pessoas com certa quilometragem irão lembrar desta sentença tão dita nas aulas de língua Portuguesa: o Verbo indica a ação do Sujeito. No referido caso, tanto o Verbo que age como o agente é o próprio Deus.

Não tem como falar do nascimento de Jesus, que é um efeito, sem falar da encarnação, que é a causa deste efeito e deste feito.

O Verbo foi enviado a terra para revelar e realizar a vontade de Deus, voltando para Deus ao terminar sua missão.(Is 55,10-11; Sb 9,9-10). Texto também apoiado em (Heb 1,1-4), que lhe é precedente.

O Verbo na introdução do Evangelho de São João, está intimamente ligado com os verbos ‘ser’ e ‘estar’. Como se testemunhasse: “Eu sou Deus e estou em Deus”; princípio tão longínquo da Palavra, que ela, a Palavra, ainda não se desgrudou daquilo que significa.

Fazer-se “carne” é assumir a nossa condição de fraqueza e mortalidade, (João 3,6; Is 40,5-8; Gn 6,3). Ele venceu a morte, decorrente do pecado original, com sua encarnação, nascimento, paixão, morte e ressurreição, ou seja, com esses cinco pontos indissociáveis da vida humana. Em termos futebolísticos, é como se Jesus tivesse ganho e só pudesse ganhar, para a vitória verdadeira e válida, numa partida fora de casa, realizada no campo humano.(Rom 8, 3-4)

“Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (São João 1, 29) com bem disse o último dos profetas, seu primo e precursor, João Batista. O cordeiro é um dos símbolos principais da cristologia joanina. (Apoc 5, 6. 12; etc.) Reúne em uma única realidade a imagem do “Servo” de Is 53, que carrega o pecado dos homens e se oferece como “cordeiro de expiação” (Lv 14), e o rito do cordeiro pascal (Ex 12,1-11;46. João 19,36), símbolo da redenção de Israel (At 8, 31-35; 1Cor 5,7; 1Pd 1, 18-20). Ele veio para nos resgatar e batizar com o Espírito Santo. Essa expressão define a obra essencial do Messias, anunciada desde a AT (cf. At 2,33+): regenerar a humanidade no Espírito Santo. Porque o Espírito repousa sobre ele (Is 11,2; 421), o Messias poderá dá-lo aos homens (batismo com o Espírito, cf. João 1, 32-33; At 1,5 +), mas somente após a sua ressurreição (João 7,39; 14,26; 16,7-15; 20, 22-23; Lc 24,49; At 2). Somente depois de “elevado” e de ter passado para o Pai é que Jesus, “vindo na carne” (João 1,14 +), será plenamente investido, no seu corpo glorificado, do poder divino de vivificar: então, desse corpo, como de uma fonte, o Espírito se difundirá sobre o mundo: (João 7,37-39; Rom 5,5).

Que Jesus, através do Espírito, como fez em Maria, nasça no coração de cada um. São os votos natalícios a todos do RL. Feliz Natal!!!