E Papai Noel não Veio

Passei pela Festa de Natal e ela de mim se excusou

Ansiei simples presente e papai Noel não deixou.

Ouvia Noite Feliz a vaguear pela rua,

Sob o clarão da luz da minha companheira a lua.

Meu andar compassado, cadenciado e bem lento,

Sem vontade ou sem alento como quem não quer chegar.

Sei bem que o Noel não vem para este meu desalento;

Em casa não há ninguém resiliente a me esperar.

La mesmo só tem uns trapos, panos velhos, uns farrapos,

Tenho um punhado de gatos, na parede uns retratos

E uma velha cadeira que depois de muita loita,

ademais muita canseira, sentava, a dizer asneira, para me balançar.

Trago ainda uns cacarecos, não tenho eira nem beira,

minha casa não tem lareira, por onde o Noel vai entrar?

Mas o bom velhinho não vem

Tempo para mim, ah! Não tem!

E se pergunto dirão: pensas tu que és quem?

Contenta-te com o que és e o que te convém!

Ponho-me a questionar o Espírito natalino,

Consumista, danado, traquino a esquecer Deus-Menino

Que nos veio salvar se despindo da condição de Divino

A nos indagar, pequenino: podes aos pobres ignorar?!

Mas o bom Santa Claus não veio e nem sei se ainda virá!

Quiçá ele pouco ou nada goste das pessoas do meu porte.

Quem sabe o sino ainda dobre a alegrar quem é pobre

Que não aguardou quem fez feio e do polo Norte não veio para nos presentear.

José Luciano
Enviado por José Luciano em 28/12/2021
Reeditado em 26/12/2022
Código do texto: T7416794
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