E Papai Noel não Veio
Passei pela Festa de Natal e ela de mim se excusou
Ansiei simples presente e papai Noel não deixou.
Ouvia Noite Feliz a vaguear pela rua,
Sob o clarão da luz da minha companheira a lua.
Meu andar compassado, cadenciado e bem lento,
Sem vontade ou sem alento como quem não quer chegar.
Sei bem que o Noel não vem para este meu desalento;
Em casa não há ninguém resiliente a me esperar.
La mesmo só tem uns trapos, panos velhos, uns farrapos,
Tenho um punhado de gatos, na parede uns retratos
E uma velha cadeira que depois de muita loita,
ademais muita canseira, sentava, a dizer asneira, para me balançar.
Trago ainda uns cacarecos, não tenho eira nem beira,
minha casa não tem lareira, por onde o Noel vai entrar?
Mas o bom velhinho não vem
Tempo para mim, ah! Não tem!
E se pergunto dirão: pensas tu que és quem?
Contenta-te com o que és e o que te convém!
Ponho-me a questionar o Espírito natalino,
Consumista, danado, traquino a esquecer Deus-Menino
Que nos veio salvar se despindo da condição de Divino
A nos indagar, pequenino: podes aos pobres ignorar?!
Mas o bom Santa Claus não veio e nem sei se ainda virá!
Quiçá ele pouco ou nada goste das pessoas do meu porte.
Quem sabe o sino ainda dobre a alegrar quem é pobre
Que não aguardou quem fez feio e do polo Norte não veio para nos presentear.