Órfão No Natal
O menino triste,
Ao pé da cama.
E atento insiste,
Ao ar, a chama.
É natal!
Todos cantam contentes,
Acelerados, sem freios.
Os sorrisos, se encostam,
Na solidão, seu veleiro.
A garoa na vidraça,
A temperatura, até, é legal,
Menino, sem graça,
Ancorado no que lhe é mal.
As crianças estão lá fora,
Cada qual, seu presente.
Só mesmo ele, que chora,
Do seu prêmio, ausente.
Não longe, vê a praça,
E tão visíveis, os amigos.
Cada qual, com os pais do lado.
Vê sorrisos, que o laça,
Dando a paz de abrigos.
Soando a canção: Jesus Amado.
Ele avista para os céus,
Instantes, para consigo,
Nos segundos, se faz calado.
Suas mãos se ajuntam,
Na sua mente, falando,
Na intenção de apenas desvanecer.
Mãezinha, no véu, bem salva,
Não há de provar o perigo,
Nem de senti-lo, ser desolado...
Que dos males não adulam,
Com Deus em preces orando,
Aos zelos, velando o seu entristecer.
Depois daquele silêncio,
Abaixa, na graça, de retorno,
E recolhe, atento, a benção,
Da mãe, que de cá, partiu,
E a do pai que nem o viu,
Esse ferir, não fez menção.
Com alegria, no seu rosto,
Fez do Natal, o seu gosto,
E novo amanhã ressurgiu...