O NATAL É AMANHA, 21

O NATAL É AMANHÃ, 21

Querem saber? Estamos cansados, eu e a minha família!

Mantemos o necessário distanciamento, claro! Lavamos as mãos muitas vezes por dia! E depois usamos álcool gel ou água oxigenada.

Desinfetamos banheiros e cozinha. Não circulamos em casa com os sapatos com que andámos na rua, tapamos a boca quando tossimos ou espirramos, e não mastigamos nunca de boca aberta. Manias !

E sabem que mais? Mantemos distanciamento, mas não é por causa da pandemia, e sim porque achamos perigosos os ajuntamentos de pessoas, nestes tempos de terrorismo. Sim, terrorismo, exatamente! Daquele que faz explodir bombas, que mata nas escolas, que dá facadas nas ruas, em nome seja do que for. O mesmo terrorismo capaz de espalhar vírus assassinos pelo mundo, ou de usar isso para criar terror e desmantelar economias. O mesmo terrorismo que impede as pessoas normais de se defenderem, que culpabiliza permanentemente o cidadão normal mas defende os transgressores nos mínimos detalhes em nome de ideologias burras.

Também lavamos as mãos não por causa da pandemia, mas… imaginem… apenas porque fomos educados dessa maneira. A água oxigenada já usamos desde sempre, e o álcool-gel esse sim…agora que já custa uma terça parte do que custava há seis meses atrás, usamos. Mas até então diluíamos álcool normal com água…

Desinfetar banheiro e cozinha, bem… não reparem, é uma mania antiga, como outra qualquer. Um cheirinho leve de lexívia (ou água sanitária, como prefiram), traz-nos até recordações de infância, de ver as nossas mães e avós lavando o chão afincadamente. É como os sapatos, que deixamos em lugar próprio. Para dentro de casa os chinelos são muito melhores. Para mim, a vida sem o meu chinelo favorito não tem o mesmo sabor, podem acreditar.

O chato, o desagradável, é ver a multidão de especialistas que apontam dedos e condenam, que tentam definir como devemos viver o dia-a-dia mas que, nos banheiros dos shoppings ou dos cinemas, vemos saírem sem lavarem as mãos. Não que as tenham lavado à entrada…

O chato mesmo é conviver com as proibições disto e daquilo, contraditórias, muitas vezes idiotas, mas que são frutos da época. E que não se aplicam à classe política. Essa pode.

Por tanta coisa chata, cansei-me. Cansei-me das ameaças que dizem que podem puxar o freio de mão se nos portarmos mal... E resolvi que o Natal, este ano, é amanhã. E quando decretarem confinamentos, proibições disto e daquilo, quando quiserem que comprimente os outros à cotovelada ou dando-lhe pontapés na biqueira do sapato, quando decidirem que não pode haver Natal… eu pensarei: Já houve! Com o mesmo amor de sempre. Porque eu quis, e em minha casa o Natal, se eu quiser, se nós quisermos, pode ser todos os dias.

Os outros eu cumprimento como sempre fiz, com o melhor sorriso que for sendo capaz de fazer. Mas à cotovelada, à biqueirada, não.

Feliz Natal a todos os meus amigos de sempre. Celebrem bem o vosso Natal, sempre que quiserem. Não cedam! Somos Poetas !

Henrique Mendes
Enviado por Henrique Mendes em 23/12/2020
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