E NÃO HAVIA LUGAR PARA ELES NA HOSPEDARIA
As fontes literárias e arqueológicas disponíveis indicam que em geral, as hospedarias da época em que Jesus Cristo nasceu, eram alojamentos dilapidados e imundos, praticamente sem móveis, com percevejos, comida e bebida ruim, proprietários e funcionários indignos de confiança, clientes de má reputação e geralmente de baixa moral. Certamente esse não era o melhor lugar do mundo para uma parturiente.
Eu fico pensando no dono dessas hospedarias. O Rei do universo, soberano dos reis da terra batendo em suas portas e eles nem se quer se aperceberam. O que as pessoas procuravam em geral em suas hospedarias? Abrigo, alimento, segurança, conforto descanso?
Eis ali batendo em suas portas quem poderia lhes oferecer abrigo, alimento, segurança, conforto, descanso e paz para a alma, saúde para o corpo e ainda muito mais. Aquele que batia à porta era o mesmo que disse: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo...”
Eu fico pensando naqueles discípulos que caminhavam com Jesus e não o reconheceram, logo após a ressurreição. Quando chegaram à aldeia onde moravam, Jesus fez menção de passar adiante e eles disseram espontaneamente: “Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina”. Essa hospitalidade seria recompensada.
Fico pensando do privilégio que tiveram os irmãos Lázaro, Marta e Maria. Sempre que Jesus passava pela região de Betânia, era lá que buscava um lugar de descanso. E quando Jesus passava por Jericó, certamente as portas da casa de Zaqueu estavam abertas. Enquanto uns esperavam boa ocasião para deitar-lhe a mão e precipitá-lo despenhadeiro abaixo outros, entretanto, diziam: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna...”
Aquele a quem as portas se fecharam foi o mesmo que disse: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele, e ele, comigo”. Não é esse, pois, o verdadeiro sentido do Natal?
Tens meu coração para pousar...
Mauá, 18 de dezembro de 2020.