A Estrela de São Nicolau

Senhor,

Tão esperada sede a vossa chegada quão repentina fosse a vossa partida. Quiséramos ter o poder mostrar-lhe o quanto o mundo mudou, desde a vossa última estadia.

Vede, alterosa magnificência, que tu plantaste uma pequena árvore no interior de nossas casas para que tivéssemos um lar e, em pleno regozijo do ser, fez-te de "nós" um só corpo.

Incomensuravelmente, em harmônica maestria, reuniste, nesta noite, tantas e tantas famílias. Envoltos como prisioneiros de um invólucro impermeável de amor, sufocamos a indiferença, para dar lugar ao espírito natalino, nazareno ou genuíno, como queiram chamá-lo!

Compartilhamos com nossos amigos e familiares um pequeno pedaço de vosso coração, pois derramados em lágrimas e exaustão, não conseguiríamos carregar, sozinhos, algo tão grandioso.

Perdoai nos, ó Pai, ao notar que ainda insistimos no pecado. Perdoai pelas vezes em que ousamos, num mar séculos, reproduzir os mesmos erros...

Foi por errar que nos tornamos compreensivos. Foi por odiar que aprendemos a importância, indescritível, de nos sentirmos amados. Foi por perder que descobrimos o valor inestimável das coisas que nunca nos pertenceram.

Lutamos contra os nossos desejos e paixões, porque sabemos que não há causa mais nobre do que, entrar em batalha, junto daquele que entregou a vida de seu filho por amar demais todas as criaturas.

Quer saber porque não comemoramos o Natal todos os dias? Porque aprendemos que festejar a companhia de quem sempre esteve conosco é menos intenso e significativo do que contemplar a beleza daquele, cuja chegada é aguardada há muito tempo.

Porque demorou tanto para enviá-lo, senhor? Esta noite hei de colocá-lo em meu trenó. Juntos riscaremos o céu de tal forma que os homens acreditarão ter visto uma estrela cadente passar. A partir desta data, a humanidade fará vários pedidos a ti, quando levantarem os olhos ao céu e virem a tal estrela passar por aí.

A partir desta data, andarei com trajes em vermelho para simbolizar os laços de sangue e de amor, selado por nossas famílias. Deixarei a minha barba crescer para que ninguém se esqueça da sabedoria dos mais velhos, especialmente a do Pai, nosso senhor.

Sei que Noé fez para ti uma arca. Mas, eu, como Noel te farei um enorme trenó e espalharei a alegria do Natal a todas as nações.

Jesus Cristo será o nosso presente, o nosso caminho e a nossa vida.

Hoje à noite, entregarei o seu filho aos homens de boa vontade. Prometo que todo aquele que nele crer terá a vida eterna ao teu lado.

Com carinho,

São Nicolau.

Autor:Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.

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Poeta Curitibano
Enviado por Poeta Curitibano em 17/12/2016
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T5855518
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