AOS PAIS DOS ÓRFÃOS (mundiais!) DE PAPAI NOEL

Hoje , ao entrar numa rede social para escrever sobre um tema também social-escrever para mim é qual um obrigatório e inspirado ato de oração - eu me deparei com um presente musical na minha página: via youtube, um vídeo da canção NATAL NORDESTINO de Eliezer Setton, cuja obra em rítmo de xote realmente encanta, e claro, eu a entendi como um METAPOEMA em resposta à obra de Assis Valente, "BOAS FESTAS", escrita há uns bons anos atrás, e que nos reporta ao tema social do ABANDONO.

De fato, a despeito de tantas mudanças conjecturais, quase nada muda, nem aqui e nem no mundo...para melhor.

Então, inspirada pela canção que me foi postada, também me reportando ao ASSIS VALENTE, percebi que o universo realmente tem um inconsciente coletivo, inclusive no trocadilho, e o tema da canção me reportou imediatamente à estatística chocante que nos foi revelada ontem, que também me inspirou esse texto, justo em meio ao nosso caldo de corrupção endêmica e avassaladora, a que desvia verbas de tudo que nos é prioritariamente social, a, em plena época de Natal, nos revelar os tantos e crescentes "ORFÃOS DO ABANDONO".

Pelo que consta estatisticamente, somos sete milhões de pessoas em insegurança alimentar, numa denominação técnica eufemística, que em suma quer dizer: somos sete milhões de esfomeados, num país rico, até a pouco tempo sétima economia do mundo, o tido país de dimensões continentais, o passado futuro celeiro do mundo e que tem como solidária meta política e social a extinção da miséria e a consolidação da fome ZERO.

SETE MILHÕES, CONVENHAMOS, É UM NÚMERO BEM DISTANTE DO ZERO.

Ou será que também revogaram a lei da matemática convencional?

Bem, eu não me estenderia em escrever uma bíblia sobre quem são os órfãos de Papai Noel: é só abrir os olhos e todos enxergarão.

Quantos "papais-Noéis" de costas largas e plenas viraram as costas aos nosso país!

Quantos sacos de presentes prioritários saqueados da Nação!

Quantos pseudos Papais- Noéis...de tantas outras estorinhas assustadoras...

Quantos órfãos do paupérrimo abandono perene consumado pelas ruas...sob o slogan de que "país rico é país sem pobreza".

Sete milhões de pessoas em situação de fome...assim, eu me e lhes pergunto, : "seria essa a nossa riqueza, por um lapso dum prometido Natal descuidado de sonhos?

Sinceramente, Assis Valente, Eliezer Setton, brasileiros, brasileiras e demais cidadãos do mundo tão abandonado, decerto que um dia também acreditaram, via poesia que tudo pode, que todos seríamos igualmente filhos de Papai Noel...

Mas o Papai Noel das fábulas... também está morto.

Porque nunca dantes se viu natais como os dos "Papais- Noéis" atuais...mundiais!

Igualmente Nietzsche que um dia acreditou que o Homem matou Deus, os tantos pais dos órfãos de Papai Noel depenaram todos os sacos do bom velhinho...

Estamos irremediavelmente órfãos de vida.

Hoje, só olhando o cenário, deduzo que estamos órfãos de Papai Noel, com toda certeza do mundo!

É aos pais dessa "orfandade mundial" que escrevo.

Porque o perene Natal de riqueza aos Homens, é o Natal da consciência e da promoção verdadeira da justiça social.

Não a que se promete com a boca, mas a que realmente se sente nos ossos sob a pele amarfanhada de fome.

Se país rico é país sem pobreza, natal rico é Natal sem corrupção e sem furto das consciências.

O furto que tira da humanidade toda a chance de renascer das suas mazelas humanísticas fomentadas pelos Papais Noéis sem compromisso diplomado com o seu social.

Aos pais da triste orfandade global e holística que vivemos, a todos eles, aos já notórios e aos desconhecidos saqueadores perenes do Natal do Universo alheio, eu lhes desejo que, a cada tilintar dos brindes ilegítimos na sua farta mesa de Natal, o mundo os possa ouvir e os reconhecer no simples badalar dum "sino natalino das meias- noites", a nos contar ao mundo, o tudo que nos é negado.

E que o Natal dos "pais dos órfãos de papai- noel" lhes presenteie, se não com indulgências da auto-consciência velhaca, ao menos com os devidos e justos frutos da lei da semeadura, aquela que não falha nunca, nem pela prevaricação dos Homens da Terra.

" e eu que também pensei que todo mundo fosse filho de papai-noel..."

Todavia, no céu das legítimas orações, todo o mundo do bem ainda é filho do bom velhinho.

E para sempre o será...

Amém.