O NATAL DA REALIDADE
Nessa época natalina, festa religiosa dos cristãos, é impossível não se voltar os olhos e os sentimentos para a inacreditável realidade do Homem.
A religião exercida na Terra, seja ela de qual crença ou fundamento teológico for, tem a função de humanizar a vida, desenvolver o espírito dos homens para uma convivência harmoniosa e alimentar a fé dum continuismo vital justo pela eternidade.
É da natureza humana buscar a imortalidade da vida que tão danosa e egoisticamente hoje desfrutamos por aqui.
Para se ser feliz nesse mundo cada vez mais populoso e negligenciado (tarefa desafiadora) é preciso respeito pelo outro, noção de espaço, exercício da caridade que vai muito além da simples dádiva "material" e fé de que alguém bem superior a TODOS nós está no comando do Cosmos.
É mister o entendimento geopolítico notório de que num mundo de extensão gigantesca, de tantas diversidades políticas, sociais e econômicas, absolutamente "ninguém é feliz sozinho".
Nenhum jardim sobrevive em sadias e viçosas flores se há ervas daninhas ameaçando o entorno dos demais jardins.
É preciso cuidar do todo com justiça e acolhimentos igualitários para que o bem comum floresça.
Onde poucos têm muito, muitos têm nada, e aqui não me refiro apenas à matéria, mas também ao desenvolvimento humanístico espiritualizado.
Nesse sentido, a religião também é um instrumento de alento, esperança e principalmente de freio à natureza algo indomável, egocêntrica, corruptiva e destrutiva do Homem.
Hoje muito se fala em DIREITOS HUMANOS, aqui entre nós paradoxalmente também se discursa em nome deles, e há uma máxima que diz que "o direito de um termina quando começa o direito do outro".
Fato é que, embora haja muitos púlpitos em prol dos direitos humanos, hoje se percebe claramente que líderes mundiais, os responsáveis pela condução do seu povo, perderam as rédeas do caminho da paz e da justiça social.
O status humanitário do todo faz doer o coração e palavras se perdem ao vento das pré anunciadas tempestades cada vez mais desumanas.
Vivemos uma era mundial de usurpação de direitos humanos e para tal constatação basta olharmos o estado do Homem pelo planeta das dores.
Enxergar não é ato do pessimismo: hoje é manifestação exacerbada, algo perigosa, da função cognitiva da razão dolorida.
Não é só com armas materiais que se faz guerras.
A guerra mais nociva entre os homens é a guerra invisível, a guerra do ódio infundado e implementado sobre si mesmo, a que em nome da paz emoldurada pelos "direitos humanos" aduba sorrateira e programaticamente as diferenças cada vez mais cruéis e o preconceito crescente a todas elas, a retirar escusamente dos Homens o seu direito natural à vida de existência digna...num mundo que pertence a todos igualmente.
Atualmente nada nem ninguém escapa da tragédia das mãos do Homem e do exercício do seu comando algo equivocado.
Autoritarismo, corrupção, devastação do planeta, ganância pelo capital e pelo "poder de poder" sem limites desencorajam os que ainda acreditam que a humanidade tenha paradoxal solução pelas mãos do mesmo Homem.
Nesse contexto, entre os cristãos, surge o Espírito do Natal para vivificar os objetivos da existência humanizada.
Quem somos, donde viemos e para aonde vamos absolutamente Homem algum consegue responder nesse plano. Só conjecturas...e grandes lições emanadas das passagens históricas, reveladas pelas Escrituras.
A única realidade é que TODOS existimos, todos de todas as crenças, etnias, condições sociais e convicções políticas, todavia atualmente coexistimos mal, muito mal, fato que nos instiga as reflexões dos "porquês".
O mundo se perdeu demais...a despeito de tantos salvadores do mundo e mantenedores dos "direitos humanos"..
Talvez tenha que ser assim, nosso karma, nosso destino, nossa sorte holística de criaturas, por determinação inintelígível da única ORDEM SUPERIOR que abate sua mão sobre sua criação, força que claramente e a cada dia a humanidade se desabilita a conhecer, posto que está preocupada apenas com o que é efêmero, carcomível e desprezível pela tão frágil relatividade do pouco tempo útil de qualquer matéria sobre a Terra expoliada, ainda que o descartável nos brilhe como ouro aos tolos.
Talvez seja essa a nossa mais áruda missão espiritualista de Natal: reconstruir a consciência para a vida otimizada harmonizada e pacificada no planeta, como se tal nos fosse um bônus de passagem, como primeiro passo para a misteriosa vivificação eterna do Espírito.
Fica a mensagem do que considero o Natal cristão: uma completa festa de renascimento do espítito de irmandade universal entre os Homens, sob a égide da única batuta com poder de delinear valiosos caminhos para a resolução das nossas tantas e tristes questões sociais e humanitárias prementes: a mão de Deus, da qual nada nem ninguém escapa e donde emanam a VERDADE E A VERDADEIRA VIDA.