Mensagem de Natal
Se me perguntassem, se por acaso eu merecesse ser perguntado - Qual o melhor Natal de sua vida? Eu teria muita dificuldade de responder. Teria sido um tão antigo que nem lembro detalhes? Ou seria do tempo em que corria descalço e de pelerine chapinhando a grama lamacenta, cheia de armadilhas de espinhos, e à noite, finalmente, espreitava sorrateiro a chegada de Papai Noel, que nunca vira, que nunca vinha?
É possível, que tenha sido aquele em que minha mãe derramava em cima de nós a bile por chegarmos atrasados para a consoada! Que palavra ingênua para classificar o encontro com as lembranças de Cristo...Quem sabe, teria sido aquele Natal em que coloquei em tuas mãos todas as lembranças que lhe foram devidas, por pessoas que te amaram, que te amavam, que te amam e que te amarão, mas cujas mãos e lábios chegavam vazios, como a sugerir que tuas mãos ficassem à espera das minhas; então, se entrelaçavam, enquanto ouvíamos a música melancólica de Erik Satié, entristecidos com a morte do compositor meio século antes? Ah, meu melhor Natal! Talvez, um cheio de tristezas e de lágrimas, quando eu dizia que “tristeza, também, é programa”, e compus um Soneto especialmente para aquela noite! É possível que o melhor Natal da minha vida seja um enigma!
Como espectador de mim mesmo,
Misturo amor e sonho, num enigma,
Por não lembrar, o inquietante labirinto
Do encontro, num caminhar a esmo;
Sem dar-me conta, sinto o que sinto;
E por sentir-me assim, como estigma,
As palavras dissonantes de meus versos
Volta e meia rondam minha mente;
Colocam no caminho, sons perversos,
Sem terem ponto certo, indiferentes,
À uma prece consumida em ladainha;
E assim, sem ter resposta ao proposto,
Prefiro deixar trancado meu desgosto,
Nesse dia de Natal que se avizinha!
Teria sido teu o meu melhor Natal? Teria sido meu o teu melhor Natal?
Na dúvida, um Feliz Natal, junto às lembranças dos que te amaram e que te amavam, e à presença dos que te amam e te amarão sempre!