As Igrejas antigas celebram as quatro semanas preparatórias à festa de Natal. O tempo do Advento. É o começo do ano litúrgico, ou seja, do ciclo anual das celebrações da Igreja: uma espécie de ano novo eclesial, diferente da data do ano novo civil: 1 de janeiro. Por isso, nessas Igrejas, as comunidades proclamam os evangelhos nos quais Jesus fala do fim do mundo. De fato, o tema é o fim de um mundo, de um tipo de mundo e não fim do planeta. É pelo fato de começar um novo ano litúrgico que a Igreja proclama que esta ordem vigente está destinada a ser destruída e o mundo pode sim ser renovado. Pode ser outro mundo possível. Para nós, é sempre bom lembrar a meta para a qual caminhamos, embora o importante é o momento presente. Como diz Guimarães Rosa: o perigo não está na partida nem na chegada. Está na travessia. Temos de viver hoje, aqui e agora, o que cremos ser a meta de nossa caminhada. A festa do Natal não é a celebração do aniversário do nascimento de Jesus, cuja data ninguém conhece. É a celebração do fato de que na pessoa humana de Jesus, Deus mergulha em nossa história para transformá-la e se torna companheiro nosso de vida e de luta. Isso sim, é a boa nova deste tempo.