OS TRÊS REIS MAGOS
Os três reis magos do oriente homenagearam o Menino que terminara de nascer e deram-lhe cada qual seu presente, simbolizando algo cada um. O recém nascido tratava-se de uma criança especial, tanto que um grupo de mensageiros celestiais, formando uma estrela notável, entoavam cânticos anunciando aos pastores a boa nova, a maior de todas em todos os tempos no Universo infinito, mostrando não reduzir-se a um estupendo evento terreno, mas de magnitude e interesse universais para todas as eras na eternidade. Prova de sua grandeza é que tal nascimento era anunciado há pelo menos quatro mil anos através de alegorias, como Noé, pelo qual foi recriada a humanidade após a degradação total, Abrão, aceitando a prova de sacrificar seu Único Filho por um pecado dele desconhecido, Isaque, o filho que dá a própria vida, Moisés, o Libertador da escravidão do pecado, Josué, a salvação provida por Deus e a inserção de Seu povo numa terra de abundância e paz, Davi, o Rei misericordioso, que perdoa e combate ao pecado que oprime seu povo, Salomão, que usa a sabedoria para alargar as fronteiras e agregar o povo “como a galinha junta seus pintinhos”, e os cordeiros imolados no altar do sacrifício, representando o sacrifício punitivo dos pecados individuais, quitando de cada ser humano o débito para com Deus e o Universo, reabrindo-lhes o caminho ao Credor e Proprietário de todas as riquezas. Sem contar que fora anunciado pela palavra direta dos profetas em todas as eras, dando nome ao "Filho que nos haveria de nascer" e então nascera.
Os três reis magos representam toda a Divindade no mesmo instante na Terra (Deus Pai, Filho e Espírito Santo atuando juntos para salvar), formando naquele instante quorum, dando relevo ao evento, ressaltando a importância do acontecimento e do Menino que à humanidade foi dado para representá-la frente à Divindade. Tal se fez porque aqueles por quem o evento se dava deveriam conferir-lhe a notoriedade, publicá-lo, anunciá-lo como o maior de todos os acontecimentos, marcando a História, mas, ao contrário, eles mesmo não percebiam sua importância, pois tinham para si que o Ungido se manifestaria com aparência atrativa a olhos impressionáveis com eventos estrondosos e delirantes, marcados por ostentação materialista e manifestações prodigiosas. E isto é justamente o oposto do que produziria paz em nossos dias, pois as pessoas não se preocupariam tanto em ser atraídas, mas em atrair, ser agradadas, mas agradar, ser beneficiadas, mas beneficiar, não tanto ganhar, encher os próprios olhos, a barriga e o coração, mas dar, encher os olhos dos outros, a barriga de quem tem fome e o coração do que não sabe o que é amizade, misericórdia e perdão.
Pois o Menino que nasceu não veio para adular, dar presentes, passar a mão na cabeça de uma humanidade que erra e tudo faz para se convencer de que não está errada. Ao contrário, veio criar contenda interna nas pessoas, conflito íntimo nos indivíduos, guerra de consciência, inquietação, quando esses destroem o bem comum para fortuna de poucos enquanto a maioria padece, quando alimentam-se sem lembrar quantos não têm o que comer, pois ganham miséria trabalhando para enriquecer os patrões, ou perdem seus empregos para o fenômeno cruel chamado lucro, pelo qual os ricos não se importam com os outros seres humanos, quando invocam Deus em busca de prodígios e bens materiais.
O Menino que nasceu pretendia estabelecer a igualdade pelo bom senso, o que chamou de amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, não na marra, como alguns idealizaram. Todavia, a humanidade não entendeu Sua mensagem e quanto mais propagandeia o Natal, mais O esconde, afastando-se do Seu propósito, estabelecendo no lugar o Papai Noel (Papai Natal), que não favorece a mensagem do amor desinteressado, mas solidifica o materialismo, ensinando pequenos e grandes a esperar receber, jamais dar. E os ricos ficam sempre mais ricos e os pobres sempre mais pobres, além que a propaganda da abastança e presentes de uns causa humilhação e desespero em outros.
Na árvore e nas luzes se esconde o velho opositor do amor, o egoísmo, o interesse por espetáculos mirabolantes, cheios de riqueza e luzes. Desvia-se por ali o olhar do verdadeiro espírito do Natal, que é salvar, dar amor e não afagar o próprio ego, pois esta é a causa de todo o mal e toda desgraça que se produziu e se produz se origina disso.
Devemos desviar o olhar de nós e depositar no Menino pobre, enrolado em panos na manjedoura, e não esperar que nos venham bênçãos, mas agradecer a Deus por quantas temos recebido e dividir a graça desse amor com aqueles que não têm nada, pois este é o verdadeiro espírito do Natal, porque Jesus quer que sejamos salvadores dos sofridos juntamente com Ele e por Seu amor que tem poder para nos transformar.
Wilson Amaral