JARDINEIRO DO CORAÇÃO
Eu já estava desanimado; mas ainda tive força de procurar-te em meu interior. Foi na grata hora em que abri a porta principal do meu coração, que estava de há muito tempo trancada e comecei a fazer uma verdadeira faxina, iniciando pelas prateleiras dos armários. Havia muita poeira, muitos livros velhos sem conteúdo, teias de aranha e até mesmo uma velha revista que não tinha razão de lá estar. Quanto descaso, quanta desordem, quanta sujeira. A sala abandonada, mesa quebrada, sofá sujo e rasgado, insetos sobrevoando, senti-me envergonhado. Os quartos escuros, as roupas lá encontradas surradas e sujas. O banheiro tão mal cheiroso, que não se podia entrar. A cozinha com louças sujas, alimentos estragados, lixeira lotada. O principal quarto, com a cama quebrada e ainda por fazer. Logicamente que num ambiente horrível como este, eu não te encontraria. Não conseguia entender a razão de tudo estar desta forma, não sabia o significado do meu coração estar tão maltratado. Saí do ambiente carregado, com muita tristeza e com lágrimas escorrendo sobre a face. Ao sair, encontrei-me só, no jardim. Outra enorme decepção. Ervas daninhas tomavam conta de toda a grama, as flores murchas e mortas, as borboletas não mais conversavam com as flores. A linda árvore do Ipê Amarelo que floria em toda primavera foi arrebatada pelos cupins e estava sem vida, os pássaros não cantavam e já não mais existiam os seus ninhos. Um ambiente fúnebre e o desleixo total. Sentei-me em uma pedra e mais algumas lágrimas rolaram. Naquele preciso momento, retornei há mais de dois mil anos, foi quando tive a visão de um casal se aproximar. Um senhor e uma senhora muito jovem, com um recém nascido nos braços. Ela, como se estivesse lendo o meu pensamento, mostrou-me o menino, dizendo que o mesmo havia nascido em uma manjedoura bem distante dali, mas que já habitava todos os corações, semeando o Amor. A partir deste acontecimento houve uma maravilhosa transformação. O jardim floriu, tornando-se o mais belo que eu já havia visto, uma luz com um brilho intenso inundou todo o meu coração e uma palavra formou-se com o nome AMOR. Com a extraordinária visão, entendi o que havia ocorrido. Procurei a maravilhosa família e não mais a vi. Ainda sinto o reflexo da grandeza deste devaneio e jamais deixarei de sentir, porque finalmente encontrei o Deus Menino no dia feliz do seu nascimento, interiorizado no meu CORAÇÃO.
O AMOR É O ALIMENTO DA ALMA, E A PAZ É A SAÚDE DO MUNDO.
QUE AS ENERGIAS DESTE NATAL, PERDUREM ATÉ O PRÓXIMO.
Dez/ 2010
Geraldo Lustre.