E se Jesus voltasse, hoje?
Sei que a casa do Senhor é nosso coração. Sempre acreditei nisso. Acredito que o Natal é comemoração da paz, amor e ternura seladas pelo nascimento de Cristo.
Natais do tempo da infância: a primeira e grande movimentação era a faxina para o Natal, quando tudo, desde forro, paredes, vidraças, cortinas, assoalho, tapetes era, cuidadosamente, lavado, esfregado, varrido, encerado e pintado; encenação natalina na pequena igreja luterana; família reunida; pinheirinho natural irradiando, até agora, perfume indescritível de saudade boa; velas pequenas coloridas, acesas às oito horas da noite, ao som daquele coro de vozes, muitas das quais, há muito, partiram, no entanto, em nós continuam; a mesa com biscoitinhos caseiros, gasosa, guaraná, compotas feitas em casa de
figo e pêssegos; uma cuca com passas e com uvas da parreira do quintal; pudim de leite;gelatina vermelha; um tatu—lagarto, em outros recantos desse Brasil—recheado com toucinho e ovos duros.
E os presentes eram mimos simbólicos: roupas, costuradas por Vovó, para a boneca de muitos anos; uma caixinha de sabonete; bibelôs; um estojo novo para lápis; latas de talco bem cheiroso.
E a alegria de dar e receber misturava-se aos cantos e às lembranças de outros natais de quando nem éramos ainda nascidas.
As ruas, claro, ganhavam mais movimento nessa época para compra de ingredientes para preparar a festa, tecidos para confeccionar roupas, linhas, fitas, papel de seda para os pacotes.
À noitinha, famílias inteiras passeavam pela rua principal a olhar as vitrines de luzes, bolas, fitas e cenários. Uma das lojas era atração maior: havia um Papai Noel com uma vara, que ia para frente e para trás, em direção aos espectadores, entre os quais muitas crianças que se escondiam e choravam. Além disso, a cada ano, mostrava, ao longo da enorme vitrina, uma cena do que poderia ser a fábrica de Papai Noel.
E as famílias repetiam o passeio várias vezes por semana, até que cada detalhe dos carrinhos em movimento, da cascata (de água de verdade), dos trabalhadores de serraria e marcenaria, fosse percebido. Reinava tranquilidade.
Ontem, fui caminhar por essa mesma rua. Mulheres levando filhos de roldão, com muitas sacolas e tantas outras ainda por comprar. Lojas de brinquedos, desde as de 1,99 às mais caras, das quais irrompia, em eco: ”Compra! Compra! Compra!”
Das lojas de roupas, aparelhos domésticos e informática, esgueiravam-se cheiros de prestações e dívidas impossíveis e o grito esganiçado: “Compra! Compra! Compra!”
E a avassaladora sociedade de consumo, na qual comunga total diversidade de classes, esqueceu de Jesus, humilde, envolto em panos, no bercinho improvisado de palha e feno.
E o Papai Noel de vara em riste, daquele estabelecimento? Sei lá! Se existe, a gente nem o percebe em meio aos produtos à venda. Ou descansa em um depósito escuro. Quem iria comprá-lo? Portanto... Talvez, pelo menos, minhas irmãs e eu faríamos seu resgate. Salvaríamos um pedacinho daqueles natais de simplicidade e amor. A varinha teria transformado sua mensagem e, hoje, avisaria aos vitrineiros :
“ Cuidado, não destruam o Natal! Jesus não quer manjedoura de brilhos, pois esses ofuscariam a luz da Estrela-Guia!”
E se Jesus voltasse a nossas ruas? O que pensaria de Seu aniversário? E quem lembra de Seu significado, tão sufocado em compras, papéis, fitas, sacolas, comerciais compra-compra de brinquedos descartáveis e de imensas telas de plasma? E o afogamento em futuras contas a pagar permite saborear paz e ternura ?
O que faria Jesus, se chegasse a uma dessas calçadas e passeios de centros de compra?
Sabem o que penso? Seria invisível aos olhos da turba alienada ! Ou, pior, seria levado de roldão, com sacolas e grandes pacotes de papelão, para dentro de um porta-malas, ou para o fundo de uma carroça!
Por que Natal deixou de ser Natal?
Sei que a casa do Senhor é nosso coração. Sempre acreditei nisso. Acredito que o Natal é comemoração da paz, amor e ternura seladas pelo nascimento de Cristo.
Natais do tempo da infância: a primeira e grande movimentação era a faxina para o Natal, quando tudo, desde forro, paredes, vidraças, cortinas, assoalho, tapetes era, cuidadosamente, lavado, esfregado, varrido, encerado e pintado; encenação natalina na pequena igreja luterana; família reunida; pinheirinho natural irradiando, até agora, perfume indescritível de saudade boa; velas pequenas coloridas, acesas às oito horas da noite, ao som daquele coro de vozes, muitas das quais, há muito, partiram, no entanto, em nós continuam; a mesa com biscoitinhos caseiros, gasosa, guaraná, compotas feitas em casa de
figo e pêssegos; uma cuca com passas e com uvas da parreira do quintal; pudim de leite;gelatina vermelha; um tatu—lagarto, em outros recantos desse Brasil—recheado com toucinho e ovos duros.
E os presentes eram mimos simbólicos: roupas, costuradas por Vovó, para a boneca de muitos anos; uma caixinha de sabonete; bibelôs; um estojo novo para lápis; latas de talco bem cheiroso.
E a alegria de dar e receber misturava-se aos cantos e às lembranças de outros natais de quando nem éramos ainda nascidas.
As ruas, claro, ganhavam mais movimento nessa época para compra de ingredientes para preparar a festa, tecidos para confeccionar roupas, linhas, fitas, papel de seda para os pacotes.
À noitinha, famílias inteiras passeavam pela rua principal a olhar as vitrines de luzes, bolas, fitas e cenários. Uma das lojas era atração maior: havia um Papai Noel com uma vara, que ia para frente e para trás, em direção aos espectadores, entre os quais muitas crianças que se escondiam e choravam. Além disso, a cada ano, mostrava, ao longo da enorme vitrina, uma cena do que poderia ser a fábrica de Papai Noel.
E as famílias repetiam o passeio várias vezes por semana, até que cada detalhe dos carrinhos em movimento, da cascata (de água de verdade), dos trabalhadores de serraria e marcenaria, fosse percebido. Reinava tranquilidade.
Ontem, fui caminhar por essa mesma rua. Mulheres levando filhos de roldão, com muitas sacolas e tantas outras ainda por comprar. Lojas de brinquedos, desde as de 1,99 às mais caras, das quais irrompia, em eco: ”Compra! Compra! Compra!”
Das lojas de roupas, aparelhos domésticos e informática, esgueiravam-se cheiros de prestações e dívidas impossíveis e o grito esganiçado: “Compra! Compra! Compra!”
E a avassaladora sociedade de consumo, na qual comunga total diversidade de classes, esqueceu de Jesus, humilde, envolto em panos, no bercinho improvisado de palha e feno.
E o Papai Noel de vara em riste, daquele estabelecimento? Sei lá! Se existe, a gente nem o percebe em meio aos produtos à venda. Ou descansa em um depósito escuro. Quem iria comprá-lo? Portanto... Talvez, pelo menos, minhas irmãs e eu faríamos seu resgate. Salvaríamos um pedacinho daqueles natais de simplicidade e amor. A varinha teria transformado sua mensagem e, hoje, avisaria aos vitrineiros :
“ Cuidado, não destruam o Natal! Jesus não quer manjedoura de brilhos, pois esses ofuscariam a luz da Estrela-Guia!”
E se Jesus voltasse a nossas ruas? O que pensaria de Seu aniversário? E quem lembra de Seu significado, tão sufocado em compras, papéis, fitas, sacolas, comerciais compra-compra de brinquedos descartáveis e de imensas telas de plasma? E o afogamento em futuras contas a pagar permite saborear paz e ternura ?
O que faria Jesus, se chegasse a uma dessas calçadas e passeios de centros de compra?
Sabem o que penso? Seria invisível aos olhos da turba alienada ! Ou, pior, seria levado de roldão, com sacolas e grandes pacotes de papelão, para dentro de um porta-malas, ou para o fundo de uma carroça!
Por que Natal deixou de ser Natal?