Outros Natais...
Texto revisado já publicado no RL em 09/10/2007
Lembro-me de uma época, a mais de 30 anos, em que a celebração do Natal tinha um significado muito importante para muitos, ao menos para mim, familiares e amigos, e isto está vivo em minha memória. Esta data era esperada e comemorada de forma diferente, ou quem sabe da forma mais correta, não sei...
Naquelas oportunidades, preparava-mos o nosso espírito e entre outra atividades íamos visitar o presépio que minha madrinha Zezé construía com muita dedicação e zelo, para comemorarmos aquele acontecimento.
Lembro-me que tínhamos oportunidade de presenciar e sentir tudo o que o Natal através daquele presépio representava: Manjedoura, Reis Magos, Estrelas, Árvore com enfeites, Animais e principalmente o Menino Jesus, razão maior de nossas comemorações.
Não me lembro de presentes caros, apenas troca de algumas lembrançinhas, muitos abraços, orações e algumas comidas diferentes.
Bem, acho que estou me referindo a um tempo em que os valores para a ocasião, eram verdadeiros e que a emoção e a simplicidade imperavam, pois o aniversariante era realmente o motivo maior da celebração.
No entanto, nos dias de hoje, o que nos reserva a celebração do Natal?!
Com mais freqüência e antecipação, temos presenciado reportagens e propagandas sobre as festividades e novidades para este dia.
Temos de quase tudo: O “velho” Papai Noel, Bonecos de Neve, Renas, Quirlandas, Presentes, Árvores, Bolas coloridas, Mensagens de preservação da natureza (não poderia ficar de fora) e outros mais até estranhos enfeites.
Não seria quase tudo, se notássemos a presença da principal figura que é o aniversariante.
Que pena, hoje fazemos a festa e não convidamos aquele que deveria ser o único homenageado. Transformamos a celebração de nosso personagem em algo que nem ao menos entendemos o seu verdadeiro significado.
O Aniversariante passou a ser um mero coadjuvante ou figura da qual ninguém nota sua presença.
Somos, na maioria, indignos de participar de sua festa e no entanto nos consideramos os principais convidados.
Estaria eu ficando velho e ultrapassado, ainda nos meus 50 anos? Não sei. Porém é o que tenho constatado ano após ano e que é motivo de preocupação para com as próximas gerações.
Que façamos dos nossos “Natais” de cada dia uma acolhida dos inúmeros “meninos Jesus” que clamam por dignidade e justiça, constantemente às nossas portas.
Gostaria de manifestar meus votos de um Santo Natal a todos os amigos recantistas ou não, e que o Aniversariante abençoe e perdoe a cada um de nós.
Até 2010, se Deus assim permitir.