Papai Noel
‘’Deixei meu sapatinho,
Na janela do quintal,
Papai Noel deixou,
Meu presente de natal.
Por que será que papai Noel,
Não se esquece de ninguém,
Seja rico, seja pobre
O velhinho sempre vem.’’
Com essa musiquinha, minha mãe sempre nos ensinou a admirar o natal e esperar por todo seu brilho, desde que se iniciava o mês de novembro de cada ano.
Ela construía uma fantasia tão maravilhosa em torno deste acontecimento que, nem percebia, mas levantava um castelo de fortaleza com toda beleza que alguém podia oferecer, com simplicidade de coração de mãe.
O ápice deste preparo , era a noite de natal, quando éramos instruídos por ela a deixar
os sapatos a beira da cama, pois se deixasse na janela, a chuva vinha e molhava, estragando, assim, o presente que seria posto neles. Cientes dessa verdade, nem questionávamos como o ‘’velhinho’’ entraria, pois já sabíamos que por ser mágico, entrava em qualquer lugar.
Em meados dos anos 60 e 70, uma família de prole numerosa, ia pra cama, após fazer suas orações, ajoelhados, agradecendo pelo ano que acabava, pela fartura que tivera (mesmo diante de tantas dificuldades, sempre éramos conduzidos a agradecer sempre a Deus, por tudo). No dia seguinte, assim que descíamos os pés da cama , lá estava os pacotes deixados pelo ‘’Bom velhinho’’ e cada um abria o seu, descobrindo o conteúdo e maravilhado com o que ganhava.
Durante todo o dia, o que se via eram um bando de crianças, sorridentes e felizes,
brincando e mostrando a todos as novidades.
Mas com o tempo, fui percebendo, e atentando para o fato de que nem todos recebiam
presente algum nessa tão esperada noite, até que um dia, já bem grandinha, não conseguia dormir pensando por que algumas amigas nunca haviam ganhado nada, já que o velhinho era tão bom... nem para algumas primas e primos ele nunca trazia . Acordada, vi uma luz e dois vultos se aproximando, pensei ‘’ é agora que ele me conta, por que não traz presente pra todos’’, foi aí que ‘’caiu a ficha’’ : meu pai vinha a frente com muitos pacotes e minha mãe com outros e a candeia ( ou lamparina) para iluminar os quartos e assim arrumar tudo direitinho. Nem me mexi, continuei quietinha, fingindo dormir...foi nesse dia que me despedi do antigo papai Noel e passei a amar mais ainda o verdadeiro, ou melhor, os verdadeiros, que eram meus pais, que economizavam o ano todo para alimentar, em seus filhos, uma fantasia e valores que muitas famílias não cultivavam.
Com quantos anos eu estava ?
12...doze anos de extrema fé naquilo que meus pais me faziam acreditar, hoje , as crianças não se deixam enganar por tanto tempo....
Saudades ? infinitas !!!
Sua benção meu pai, sua benção minha mãe...
‘’deixarei meu sapatinho,
Na janela que dá pra rua...
De lá verei com tristeza,
Crianças famintas e semi nuas......’’
...então, sairei enquanto puder e tentarei fazer minha parte.
FELIZ NATAL !
* Sabem quem criou Papai Noel e o glamour do natal ?