O que tem guardado no armário?

Não faça da outra pessoa o armário da sua vida, porque no dia em que você ficar sem ele, sua vida vai se transformar numa bagunça.

Observe se você não está se apoiando tanto na outra pessoa que no dia que ela se abalar do lugar, você vai direto ao chão.

No armário, se você procurar, vai ver que tem coisas inúteis que você não usa e nem descarta. Assim, no seu relacionamento pode haver coisas da sua natureza que não foram tratadas, foram acomodadas para se encaixarem no relacionamento, de tal modo que, elas poderão reaparecer quando esse relacionamento não for mais possível.

Supondo que antes do seu relacionamento você gostasse de beber, de vestir-se sensual e extravagantemente, supondo ainda que você gostasse de danças com coreografias eróticas, porém, ridiculamente normalizadas e postadas nas redes sociais, acrescente-se também que você amanhecia o dia na rua, gastava tudo que ganhava com os "amigos" , estava sempre de ressaca na segunda-feira, envolvia-se com várias mulheres ou vários homens, supondo ainda que agora você tenha filhos também, que preze pelo cuidado a eles, pela imagem que eles têm de você, que você não ignora que os filhos mesmo pequenos sentem vergonha, humilhação, angústia, sentimentos de impotência e tantos outros sentimentos ruins que muitas das vezes eles próprios não sabem explicar e que por si só é um sofrimento a mais, e que por considerar tudo isto você não seja mais aquela pessoa que fazia essas coisas, amadureceu.

No entanto, você pensou que havia amadurecido, na verdade, todas as coisas inúteis estavam acomodadas, isto porque você não entendeu a inutilidade delas, mas observou que não seriam convenientes nessa fase da vida.

Todavia, o mundo às vezes chacoalha e se nesse chacoalhar o seu armário cair e se desfizer, as coisas que estavam acomodadas, quando deveriam ser descartadas , voltarão a aparecer no meio da bagunça, então, você vê aquele hábito antigo e como quem acha um par de calçados dos quais não se lembrava mais, toma ele de novo e pensa: "Oh! Olha o que achei aqui! Eu nem lembrava mais desse hábito, será que ainda cabe em mim? Vou colocar pra ver." Assim, calça-se de um velho hábito, como de um calçado velho, fora de moda, deformado pelo tempo, incabível no momento, no entanto, por uma nostalgia tola, resolve andar com ele novamente e tem-se aqui um caminhar torto e que causa dores.

Se o seu armário cair, ou você o ajuda a se levantar e se consertar ( lembrando que ninguém conserta ninguém), ou adquire um outro novo armário, mas aprenda com este a nunca mais se escorar de qualquer maneira neste próximo.

Seu armário caiu? Se você caiu também, levante-se e se refaça ou vai ficar debaixo dessa bagunça toda? Transforme a sua dor em raça e força para vencer, ou vai maltratar-se a si mesmo para mostrar que está bem? Como alguém pode dizer que está dando a volta por cima se está descendo mais fundo? Se você estiver perdido, você desce ao vale ou sobe ao topo da montanha para chamar a atenção de quem pode lhe salvar?

Se o mundo chacoalhou e seu armário do relacionamento desmoronou, não se perca nas coisas velhas, se tiver filhos, salve-se a si próprio para que possa também evitar que eles não fiquem feridos com os pregos e parafusos expostos no meio de tudo isso.

Procure amadurecer enquanto o tempo é bom. Leia bons livros, ouça conselho de pessoas mais vividas e sábias do que você , nao dos seus iguais.

Capacite-se profissionalmente, não se acomode tanto no seu jeito financeiro de viver: mantido ou por alguém ou seguro num emprego estável. Aprenda a fazer mais de uma coisa só, para que em tempo de adversidade tenha menos dificuldades. Aprenda a não gastar tudo que ganha, deixe uma reserva para tempos de escassez.

Tenha atenção ao seu relacionamento, nem tudo é frieza, muitas das vezes é enfermidade, cansaço e preocupação.

Muitas das vezes, os relacionamentos se desgastam porque uma pessoa é incapaz de ver a outra verdadeiramente, de perceber que ela não está bem, então, chama a esse momento de frieza. Considera que a outra pessoa está fria porque não recebe dela o carinho e aconchego que ela própria deveria oferecer se enxergasse e participasse verdadeiramente de tudo.