ESSA MENSAGEM PODE TE IMPEDIR DE SE ARREPENDER!
UM CONVITE A TOMAR UMA ATITUDE!
Quantas vezes nos arrependemos de não termos tomado uma atitude, de não termos agido, de termos nos mantido neutros e quietos diante de uma situação mesmo sabendo que íamos nos arrepender disso depois? Em muitos momentos da vida, mesmo cientes do sentimento amargo de insatisfação que virá por optarmos não tomar uma atitude, nós nos mantemos neutros, seja por vergonha, medo, insegurança, motivos pessoais, entre tantas outras limitações que nosso cérebro põe sobre nós. Nos poupamos do desconforto que é o momento de tomada de atitude, de expor nossa opinião, de protestar quando algo nos incomoda, de dizer a uma pessoa que nós a amamos (seja romanticamente ou não), e não pensamos que esse desconforto momentâneo é muito, muito melhor que o desconforto de não ter tomado uma atitude, não ter tido uma opinião; porque quando não agarramos a oportunidade de expressar qualquer uma dessas coisas acima, nossa mente entra no cruel "e se": "e se eu tivesse me declarado pra ele?", "e se eu tivesse ido naquela entrevista de emprego?", "e se eu tivesse dito logo que não gosto dessa brincadeirinha?", "e se eu tivesse me defendido desse bullying?", "e se eu tivesse puxado assunto com ela?", "e se eu tivesse feito essa ligação?", "e se eu tivesse dito que amava meus pais?" e muitas outras ruminações que podem durar muito mais tempo que a sensação de desconforto momentâneo de agir pra impedir esse possível futuro sentimento, esse sentimento que deixa um gosto amargo na boca.
É com um gosto amargo na boca que a maioria das pessoas que assistiram o filme Cinco Centímetros por Segundo terminaram ele, com essa sensação de que houve falta de atitude de ambos os protagonistas, o sentimento gritante que fica cutuca a alma - com o que parece ser um estilete.
Takaki Toono é amigo de infância de Akari Shinohara, eles sempre estiveram juntos na escola, sofreram pelas outras crianças zombarem deles e chamá-los de "namorados", andavam juntos perto das flores de cerejeira enquanto Akari dizia: "Você sabia que a distância que cada pétala de cerejeira cai é de cinco centímetros por segundo?", o que dá o nome do filme. Eles eram amigos inseparáveis até que tiveram que se separar: a vida os separou e eles foram para lugares diferentes. Em um dos reencontros que a vida nos dá, anos depois eles se reencontraram virtualmente e ficaram de se encontrar pessoalmente, no dia o trem atrasou, ele perdeu a carta que queria dar a ela e demorou até ficar tarde da noite, ele esperava que Akari nem estivesse mais o esperando mas ela estava, como quem quisesse do fundo do seu coração vê-lo, abraçá-lo, dizer o quanto o amava, e ela queria. Quando o viu, ela não pôde falar nada, apenas conseguiu chorar e ele chorou junto dela, eles passaram um tempo lindo juntos e em um momento, eles se beijaram. Quando se despediram, parecia que nunca mais se encontrariam, as falas dela e as dele nos dá a entender que eles não tinham esperança de se encontrar de novo, pelo menos não pelos próximos 5 anos. Esse é o primeiro episódio, o segundo foca em Kanae Sumida, que também é importante, falaremos dela mais tarde, vamos ao terceiro e último episódio: Takaki agora era um adulto, tinha uma namorada e um emprego mas ele ainda se lembrava de tudo o que aconteceu, Akari estava noiva, planejando um casamento e da mesma forma não esqueceu Takaki. Em um momento, a namorada dele termina com ele, e ele, ciente que a mulher que ele realmente amava ia se casar, se sente desanimado e sem rumo.
No dia do casamento dela, antes de se casar, ela enviou a ele a seguinte mensagem de texto: "EU AINDA TE AMO". Ele não reagiu, não a respondeu.
Há quem culpe Akari por eles não terem acabado juntos mas a culpa disso foi o contentamento mentiroso e insatisfeito dos dois: os dois estavam tentando parecer indiferentes com a situação, talvez sob a desculpa de que "a vida é assim, ela separa as pessoas" quando eles genuinamente se amavam e no último segundo podiam ter declarado isso, podiam ter lutado contra a vergonha, contra o medo. "Ah, mas ela já tava com o casamento marcado", mil vezes melhor suportar a vergonha de dizer que não pode continuar a cerimônia que se casar com quem você não ama de verdade, com quem não é seu amor genuíno. Ela amava Takaki e se não tivesse arrumado um namorado - acredito que movida pelo senso comum de "preciso seguir minha vida, o Takaki é apenas um amigo de infância e já deve estar em outra" - ela poderia ter ido atrás dele, ele já tinha terminado com a namorada. Ele poderia ter respondido ela também, mas ele preferiu aceitar um destino que seria difícil digerir depois - tenho certeza que ela teria desistido da cerimônia na última hora por ele se ele tivesse falado com ela, dito a ela que também a amava.
No fim, ela está na varanda olhando para o céu, como se não pudesse voltar atrás, e agora que estava casada, não podia mesmo. Takaki se afundou em um desânimo e uma tristeza enorme porque não a superou, e nem mesmo ela o superou.
A cena final é perto dos trilhos de trem, eles passam perto um do outro, Takaki vira pra olhar pra ela mas o trem o impede de ver, quando o trem passa, ela já não está mais lá. Ele dá um sorriso final. O final nos mostra que eles superaram, mas a que custo? Depois de tanto tempo de ruminação. E eles REALMENTE superaram? Esse filme me deu nos nervos, considerei o pior filme que já assisti, mas acredito que o animador Makoto Shinkai queria fazer as pessoas passarem raiva com esse filme pra não repetirem as ações dos personagens: essa falta enervante de atitude!
Quantas vezes nos comportamos como eles??
Quantas oportunidades perdemos?? Esse filme não deve passar a ideia que "a vida é assim, algumas vezes não podemos ficar com a pessoa que amamos" e gerar um contentamento sem nenhuma atitude, é necessário ter certeza se esse amor não é recíproco pra não se arrepender depois. Não desistir por distância, dificuldade, problemas, diferenças. O amor pode superar tudo isso.
Por muito tempo odiei esse filme mas agora percebo o quão necessário ele é e que essa raiva que passamos assistindo o fatídico final nos estimula a não cometer o mesmo erro: não tomar atitude!
Agora vamos ao segundo episódio, com Kanae Sumida: ela é uma menina que estuda na mesma escola que Takaki e o ama. Em uma noite caminhando juntos, ela decide se confessar a ele mesmo percebendo que a cabeça dele estava nas nuvens - pensando em Akari - mas ela se abstém porque tem a impressão que o coração dele não está lá, e sim nas mãos de outra pessoa. O episódio acaba com ela dizendo o quanto ele era gentil com ela e que ela não pode ser o que ele realmente quer mas ela sempre o amará impotente, então ela chora até dormir.
Ela é outro exemplo do que não fazer, de supor que quem você ama já ama alguém e se abster por isso: mesmo que isso fosse verdade na situação do Takaki, Kanae não sabia disso e o sentimento de rejeição seria doloroso mas um alívio de não ficar no "e se eu tivesse me declarado?".
Não tomar atitude por receio, por arrumar uma desculpa, por medo, insegurança... no caso dela foi por pensar que ele estava com o coração em outra pessoa mas ela devia ter tirado isso a limpo, perguntado a ele, isso não ia matá-lo, não ia matá-la.
Esse filme também não quer dizer que se você perde a oportunidade de ficar com a pessoa que ama, você vai passar a vida ruminando isso, não, se isso aconteceu, você precisa seguir em frente e esquecer por completo essa pessoa pra poder conhecer outra pessoa e ter um relacionamento saudável, sem lembrar do passado, ou caso você queira ficar só, viver em paz. Se há o que fazer, vá atrás. Se não há mais o que possa ser feito, supere, a vida é feita de superações, viver é superar até mesmo as coisas que mais parecem insuperáveis.
Claro que o filme foca no amor que podia acontecer e não aconteceu, mas ele nos dá infinitas ideias de atitudes que podemos deixar de tomar e nos arrepender, o amor é apenas uma delas.
Tanto os protagonistas quanto a Kanae nos demonstram através de um exemplo de arrependimento amoroso o que fazer em todas as áreas da nossa vida: não se abster de tomar atitude.